O número de estudantes continua a crescer, refletindo a crescente procura internacional pelas principais faculdades europeias. O interesse dos investidores também está a aumentar, atraídos pela solidez dos valores praticados e bom desempenho operacional.
Contudo, a procura supera largamente a oferta existente, estimando-se que faltem 3 milhões de camas no stock para dar resposta às necessidades atuais. Este défice deverá agravar-se em mais 200.000 camas nos próximos cinco anos, mostra o relatório “European PBSA: Investing in the Future”, desenvolvido pela JLL.
Este estudo analisa 40 cidades europeias em termos da procura por parte dos estudantes, da oferta de residências universitárias e do seu potencial de desenvolvimento, a maturidade do mercado, desempenho operacional, acessibilidade e adequação de eficiência energética do atual stock.
Outra das conclusões essenciais deste estudo é o facto de a atual oferta de residências privadas de estudantes na Europa somar 800.000 camas, pelo que seria necessário crescer quatro vezes para satisfazer a procura existente. Esta procura sem resposta representa uma oportunidade de investimento de 450 mil milhões de euros, 34 vezes mais do que o recorde anual europeu de investimento imobiliário observado em 2022.
O estudo da JLL elege, de entre estas 40 cidades, as 20 que se impõem como os destinos mais atrativos para investimento em nova oferta de PBSA, classificando Lisboa na 8ª posição do ranking liderado por Londres, Paris e Barcelona. A capital portuguesa é identificada como uma das cidades emergentes que conjugam um forte crescimento da população estudantil com um custo de vida acessível, além de evidenciar o esforço realizado nos últimos anos para internacionalizar o ensino.
Número de estudantes em Portugal cresceu 83%
De acordo com o estudo, o número de estudantes em Portugal cresceu 83% entre os anos letivos de 2016/2017 e 2022/2023, e especificamente entre o segmento de alunos internacionais, a taxa de crescimento foi de 100%. De tal forma que Lisboa é a 10ª cidade com maior número de estudantes, contabilizando uma população universitária da ordem dos 170.000 alunos. Contudo, é também uma das cidades onde a escassez de oferta é mais acentuada, sendo a 4ª com maior carência de stock face à procura existente. Concretamente, a taxa de provisão existente em Lisboa é atualmente uma das mais baixas da Europa, com o stock atual a dar resposta a menos de 4% da procura ativa.
Lisboa consta, assim, entre as cidades com maior potencial de crescimento no investimento neste segmento de mercado, esperando-se que duplique o atual stock em cinco anos. Sem prejuízo, tal não configurará um choque de oferta, esperando-se que a taxa de provisão, mesmo com o novo investimento já previsto, se mantenha abaixo dos 10%.
«Lisboa tem, de facto, uma procura elevada e crescente para as residências universitárias, quer por estudantes estrangeiros quer de mobilidade nacional. Atualmente a população internacional representa 16% da comunidade de estudantes universitários em Portugal, quando em 2010 a sua quota era de 6%. Com a vantagem de ser bastante mais diversificada, com representatividade de europeus, americanos, chineses e também de alunos do Médio Oriente, face a um padrão anteriormente dominado pelos estudantes oriundos dos PALOP», comenta Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL.
André Vaz, Head of Living & Alternative Investment da JLL, refere que «em Portugal, o potencial de investimento neste setor é enorme, porque partimos de um stock extremamente baixo face ao universo de procura que efetivamente existe. Há uma dupla circunstância que coloca Lisboa entre os destinos de investimento mais atrativos, nomeadamente ter um dos maiores índices de crescimento do número de estudantes e, simultaneamente, um dos menores stocks, com capacidade para satisfazer apenas 4% da procura».