Esta foi uma das principais conclusões do Portuguese Property Investment Survey, inquérito realizado pela Confidencial Imobiliário em associação com a APPII, referente ao 1º trimestre deste ano. O processo de licenciamento é mesmo o tema mais preocupante enquanto fator inibidor da atividade da promoção, num índice de pressão de 95%. Seguem-se os custos de construção, com 84%.
De acordo com este inquérito, 72% dos promotores antecipa uma estabilização dos preços, e outros 28% dividem-se entre perspetivas de evolução positiva e negativa, num saldo líquido de respostas nulo, abaixo dos 3 pontos observados no inquérito anterior.
Há maior apreensão relativamente às vendas. O indicador melhora de -24 para -8 pontos, mas mantem-se em terreno negativo.
Mas as preocupações relativas aos constrangimentos da atividade e a incerteza quanto à evolução dos preços e da procura parecem não estar a afetar as intenções de investimento, já que 79% dos inquiridos confirma que vai lançar novos projetos, 55% está à procura de terrenos para novas promoções, indicadores que mostram melhorias face aos 75% e 54% registados no inquérito interior.
Muda, sim, o perfil de investimento, com os interesses a voltarem-se progressivamente para os arredores de Lisboa, o que acentua a redução de quota da reabilitação urbana, que desce de 38% para 29% das intenções de investimento. Por outro lado, a quota de novos projetos estritamente orientados para a procura internacional passou de 43% para 25%, compensada pela subida de 28% para 45% dos projetos para os mercados nacional e internacional.
O segmento do arrendamento não beneficiou dessa mudança. No trimestre anterior, 69% dos promotores consideravam esse mercado atrativo, mas no início deste ano a percentagem passou para os 49%, resultado eventualmente ligado à instabilidade legislativa e fiscal no leque de obstáculos à atividade, agora apontada por 72% dos inquiridos como um constrangimento importante à realização do potencial de investimento em nova promoção.
Hugo Santos Ferreira, vice-presidente Executivo da APPII, explica que «de acordo com esses resultados, apesar dos investidores terem uma perspetiva positiva quanto a 2020, manifestam preocupação com as crescentes dificuldades no licenciamento e enquadramento legislativo. Tais dificuldades vêm prejudicar o objetivo de aumento da oferta no mercado, em particular habitacional, vindo agravar a pressão já sentida em resultado da redução da procura decorrente das recentes alterações legislativas».