No primeiro dia do Portugal Real Estate Summit, evento que contou com a presença de 350 participantes, a edição mais concorrida de sempre, decorreu a sessão “Work, Live and Play”, uma análise abrangente das principais tendências e perspetivas para o imobiliário.
No que se refere ao mercado de escritórios, a ambição é de "ano recorde", «a ocupação deverá bater recordes e ser o melhor ano», garante Eric van Leuven, Head of Portugal da Cushman & Wakefield, ao abordar a parte "Work" da sessão. Acrescenta ainda que há «500.000 metros quadrados de nova oferta, metade em construção, 73% pré-arrendado».
"As Rendas em Lisboa e Porto continuam a ser competitivas no contexto europeu"
O Head of Portugal da Cushman & Wakefield frisa também que as duas principais cidades em Portugal continuam «muito atrativas» e que o mercado ocupacional e de investimento «estão muito ativos», apesar da «falta oferta de qualidade e adequada». O responsável pela consultora em Portugal, sublinha ainda o facto de Lisboa estar em «quinto lugar entre os país onde se deverão criar mais empregos no mercado de escritórios».
"Espaços flexíveis são um tema, mas ainda modesto no mercado português"
Ao falar sobre a "nova realidade" que os escritórios atravessam, Eric van Leuven indica que «o trabalho híbrido está para ficar, apesar de não existirem dados concretos para Portugal» e que os espaços flexíveis são uma opção, contudo «ainda modesto no mercado português».
Em termos da logística, «as rendas continuam a ser muito competitivas face ao mercado europeu e muito mais baixas que outras cidades comparáveis. As yields continuam altas, há boas oportunidades», refere Eric van Leuven.
"Build to rent não é uma tendência, é uma necessidade, especialmente para os jovens"
Em termos de "Live", Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, aponta para uma «tempestade perfeita», onde os «salários não acompanham a falta de oferta e a inflação. O average português não consegue comprar casa. Toda a oferta é absorvida pela procura atualmente. Há um grende gap entre oferta e procura». O Build to rent torna-se assim uma «necessidade, especialmente para os jovens», indica Paulo Silva, enfatizando que 80% dos jovens até aos 29 anos vivem em casa dos pais.
O Head of Country da Savills Portugal sublinha também que há novos fatores a mudar a oferta, «entram novos jovens com menor income que não conseguem crédito, mais trabalhadores internacionais e estudantes. Os millennials e futuras gerações têm outros valores». As designadas propriedades Multifamily bateram recorde de investimento na Europa em 2022, no entanto «nada disso se passa em Portugal», refere o Head of Country da Savills Portugal, acrescentando que o Build to rent «concorre e é o primeiro desafio», sendo que a banca «não é familiar com o modelo Build to rent tradicional, financiamento, custos de construção e dos terrenos etc.». Paulo Silva enfatiza que «há muita oportunidade para investir em Portugal».
Resiliência do setor hoteleiro
Após a pandemia que atravessámos, o setor do turismo tem vindo a recuperar, exemplo disso são os «eventos esgotados, novos lifestyle concepts», refere Francisco Horta e Costa, Managing Director da CBRE Portugal, ao abordar a parte "Play". Referindo que o pipeline de «hotéis permanece robusto», Francisco Horta e Costa salienta de igual forma que a experiência tem vindo a ganhar importância no retalho que se «adaptou ao comércio online, e as vendas já são mais do que antes da pandemia».
Prevê-se que o peso no investimento total em hotéis aumente para cerca de 1/3 este ano, indica o Managing Director da CBRE Portugal, algo que comprova o facto de ser um «setor resiliente». Em termos de volumes do retalho, estes vão «continuar “dormentes», sendo que o retalho «representa menos no global do investimento, face a anos anteriores».