Esta é uma das conclusões do mais recente estudo da Cushman & Wakefield, que reuniu o sentimento de um total de 50 grupos hoteleiros portugueses e espanhóis. Note-se que, juntos, os inquiridos representam uma oferta de 200.000 quartos.
Em Portugal, metade dos inquiridos considera que o mercado hoteleiro de Lisboa só deverá recuperar totalmente em 2023. Ainda assim, há também quem perspetive um cenário mais otimista para a capital portuguesa, já que 27% dos hoteleiros acredita que recuperação do setor na cidade seja em 2022, uma visão que pode ser explicada pelo facto de Lisboa ter sido um dos destinos que registou «uma evolução mais positiva em 2019», explica a consultora.
Na atmosfera espanhola, cerca de 60% destes grupos considera que o mercado hoteleiro de Barcelona deverá necessitar de 2 anos para recuperar os níveis anteriores à crise. Esta é também a visão de 48% dos participantes para a hotelaria de Madrid.
Outro resultado deste estudo intitulado Hotel Operator Beat indica que «as perspetivas de recuperação variam de forma significativa entre os vários destinos da Península Ibérica». Em concreto, os grupos hoteleiros consideram que os destinos de praia (costas e ilhas) deverão recuperar mais rápido que as cidades.
Novas transações estão em cima da mesa
Embora, hoje, a hotelaria esteja a passar sérias dificuldades devido às restrições impostas pela pandemia, o seu bom desempenho nos anos anteriores à crise (entre 2012 e 2019) não fica indiferente aos players do mercado.
É por este motivo que Gonçalo Garcia, responsável de Hospitality da Cushman & Wakefield em Portugal, assume que «a Península Ibérica continua a atrair o interesse de investidores e operadores». E explica ainda que este facto aliado às perspetivas para uma recuperação total «relativamente rápida», deverá levar os players de mercado com liquidez a esperar por «novas e boas oportunidades, assim que o mercado retomar», revela em comunicado.
Os resultados do estudo indicam que cerca de 29% dos grupos hoteleiros continuam a estudar operações de compra e venda em quase todos os mercados do espaço ibérico e que continuam também interessados em estudar novos projetos.
O estudo mostra ainda os mercados hoteleiros de Madrid, Barcelona e Mallorca são considerados os mais atrativos em Espanha. Estes receberam respetivamente as pontuações de 8.5, 7.7 e 7.3 numa escala de 1 a 10. Em Portugal, Lisboa (7.8 pontos), Porto (6.5) e o Algarve (6.1) são as zonas destacadas.
Planos estratégicos mantêm-se
Mesmo perante a atual conjuntura, quase metade das cadeias hoteleiras mantêm os seus planos estratégicos previstos antes da pandemia. Para Gonçalo Garcia, responsável de Hospitality da Cushman & Wakefield em Portugal, «estes números demonstram a solidez e grau de responsabilidade do setor hoteleiro. Nesta crise, o setor está, apesar das dificuldades, mais robusto que na crise anterior, e por isso os planos estratégicos estão em parte a avançar», assume.
Contudo, 21% dos inquiridos reconhece que os novos projetos se encontram em stand-by. O financiamento e as alterações nas condições de mercado são as principais causas apontadas. Sobre este ponto Gonçalo Garcia comenta que «apesar da crise, os grupos hoteleiros têm mostrado uma grande responsabilidade e vontade de prosseguir com os seus novos projetos, tendo tanto operadores como proprietários estado a adaptar-se à nova realidade».