O mercado dos resorts confirmou a sua tendência de recuperação no primeiro semestre deste ano, visível já desde o ano passado, devido à consolidação do Brexit e ao levantamento progressivo das restrições inerentes à pandemia. O preço da habitação integrada em resorts cresceu 2,7% face ao semestre anterior, e 8,6% face a igual semestre de 2020.
O Índice de Preços de Resorts (SIR-Resorts), criado pela Confidencial Imobiliário em parceria com a Associação Portuguesa de Resorts, com o apoio do Turismo de Portugal, mostra que o mercado acusou o processo do Brexit, com os preços a passar de uma subida de 11% para uma descida de 10%, e outra desvalorização de 13% devido à pandemia, no primeiro semestre do ano passado. Mas, na segunda metade de 2020, o mercado voltou a valorizar, com uma subida de 5,3% em termos homólogos, agora confirmada este ano.
Segundo o inquérito Resort Market Survey, os operadores ativos no mercado mostram melhores níveis de confiança, em patamares pré-Covid, e semelhantes aos momentos em que o Brexit levantou menor incerteza. As expetativas combinadas quanto à evolução dos preços e das vendas atingiu este semestre os 46%, forte recuperação face aos 21% registados no período anterior, apenas superado pelos 55% de 2018.
Pedro Fontaínhas, diretor executivo da APR, comenta em comunicado que «o mercado parece ter ganho confiança e acreditar na possibilidade de valorização. O mesmo se passa quanto à evolução das vendas, cujas expectativas estão agora em níveis bastante robustos, quando há um ano imperava o sentimento de que os preços iriam descer e a confiança de que as vendas iam crescer era bastante ténue». E completa que «a expetativa até ao final do ano é muito positiva, o que apenas confirma a qualidade da oferta e a abundância da procura neste segmento do imobiliário residencial».
Ricardo Guimarães, diretor da Ci, destaca que «o sistema de estatísticas de resorts, lançado pela Ci, congrega a informação de oferta e vendas da quase totalidade dos principais operadores, sendo uma ferramenta essencial para a monitorização específica deste mercado, permitindo diferenciar os perfis de oferta de procura face ao restante mercado residencial, do qual é realmente muito distinto».
Preços acima dos 5.000 euros/m² em Albufeira-Loulé
No primeiro semestre deste ano, as casas em resorts atingiram um valor médio de oferta de 4.442 euros/m², e os 8.058 euros/m² na gama mais elevada do mercado, valores que refletem sobretudo o nível de preços no principal mercado de resorts, no eixo Albufeira-Loulé, onde se regista um valor médio de 5.266 euros/m², com 9.274 euros/m² na gama alta.
Em termos médios, no 1º semestre, o valor pedido fica 30% a 60% acima da oferta registada em qualquer um dos outros três destinos de resorts delimitados no SIR-Resorts, com o maior contraste a registar-se no Barlavento do Algarve. O menor diferencial é observado na Costa Atlântica, onde os valores médios atingiram os 4.093 euros/m² nos primeiros 6 meses do ano.
Aumenta o volume de vendas em resorts
No semestre em análise, as vendas de habitação em resort aumentaram mais de 30% face ao semestre anterior no total do mercado nacional, tendência transversal a todas as regiões, especialmente sentida no eixo Albufeira-Loulé, onde se fecharam 45% dos negócios registados no SIR-Resorts. O preço médio de venda deste tipo de habitação atingiu os 3.928 euros/m².
João Richard Costa, diretor comercial e de marketing do Ombria Resort, constata que «as vendas das Viceroy Residences (as Branded Residences do Ombria Resort) estão a superar as nossas expectativas. A atual conjuntura veio criar dificuldades em viajar por parte dos potenciais compradores e investidores imobiliários, que assim deixaram de poder visitar os imóveis antes de tomar as suas decisões de compra. No entanto, estes são apartamentos que conjugam a utilização por parte dos seus proprietários com uma componente de retorno de investimento».
Explica que «isto, aliado às ferramentas digitais que criámos para as visitas virtuais dos apartamentos tornou possível que cerca de 70% dos compradores tenha decidido comprar remotamente, ou seja, sem visitar. Os principais fatores de sucesso das vendas têm sido a nossa localização no interior do Algarve e a aposta na criação de um empreendimento cujo foco é a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente. Talvez em parte devido à pandemia, temos constatado uma crescente procura por imóveis com grandes áreas e fácil acesso a espaços verdes ou com uma estreita ligação à natureza que os rodeia, que é o caso no Ombria Resort», conclui.
Da mesma opinião é Pedro Rebelo Pinto, de West Cliffs, na Costa de Prata, que afirma notar-se «alguma pressão da procura por parte de clientes do Norte da Europa, sobretudo por produto acabado, pronto a habitar ou a desfrutar em parte do ano».
Cristina Santos, da E&V de Albufeira, partilha que «o Algarve mantem uma procura positiva, embora, devido aos constrangimentos das viagens, verificou-se uma desaceleração o que contribuiu para uma estabilidade nos preços de mercado. Espara-se, contudo, que devido ao progressivo levantamento das restrições e mantendo-se a procura pelo Algarve os preços tenderão a apresentar uma ligeira subida».
Isabel Duarte, da Herdade da Comporta Atividades Agro Silvícolas e Turísticas, S.A., destaca que «os períodos de confinamento motivaram uma procura pelos destinos rurais e com pouca densidade populacional e de construção, onde as pessoas se sentem mais seguras e livres. O destino Comporta, ao conjugar esses e outros atributos (como praia e "proximidade" a Lisboa") tem sido um destino que tem percecionado um aumento da procura e, como consequência, dos preços».