«O grande desafio de Lisboa é não perder o seu estatuto de cidade global», considera o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, que não esconde que «vamos ter muito trabalho pela frente». O recandidato à autarquia foi convidado do mais recente Almoço-Conferência organizado pela Vida Imobiliária e pela APPII que se realizou esta terça-feira, dia 6 de julho, em Lisboa, num momento privilegiado de partilha e netowking com os profissionais do setor imobiliário. Considera que «esta pandemia terá sido um intervalo no processo de desenvolvimento da cidade», que nos últimos anos «passou de capital histórica a cidade global. A internacionalização foi muito positiva. Não somos Nova Iorque ou Paris, mas fazemos parte dessa rede. Foi uma mudança extraordinária que nos aconteceu, e a nossa capacidade não será desperdiçada». «Os fundamentais da cidade estão todos cá, e a pandemia não vai alterar o seu posicionamento. As cidades continuarão a ser os grandes elementos de riqueza e conhecimento do mundo», apesar de admitir mudanças na organização do trabalho que, apesar de tudo, «continuará a se relacional». Admitindo que o problema da falta de acesso à habitação decorre deste grande aumento do investimento, salienta que «estamos sujeitos ao mesmo que outras cidades, faz parte das suas caraterísticas. Mas não nos podemos fechar ao desenvolvimento». “Temos de aumentar a oferta de habitação acessível”Fernando Medina reitera o seu compromisso com a criação de mais oferta de habitação com rendas acessíveis na capital, que considera «uma prioridade» e «uma política nova» que «já está em marcha», depois de várias décadas em que «quase nada se fez para a classe média». Por um lado, a CML está apostada na promoção direta de fogos. Mas quer aliciar o mercado imobiliário com as operações de renda acessível de concessão de direito de superfície, definida e operacionalizada «depois de dois anos de debate com o Tribunal de Contas». A autarquia cede os terrenos, e os projetos não estão sujeitos a processo de licenciamento. As operações «estão hoje mais facilitadas», garante Medina, que destaca que estes projetos se destinam a «investidores de longo prazo, com rentabilidades mais baixas, mas muito boas, principalmente e compararmos com as atuais taxas de juro». Garante que «as rentabilidades não são esmagadas, são definidas em concurso». E já estão a avançar operações como as de Benfica, do Paço da Rainha, Parque Nações, entre outros. Grandes projetos imobiliários “têm de ser tratados de forma diferente” Fernando Medina afirma ter «plena consciência da importância das questões do licenciamento» para o mercado imobiliário, e garante que «a nossa frustração é a mesma». Recorda os constrangimentos da autarquia que, depois de um período de crise em que viu os recursos humanos reduzidos, começou a receber um grande volume de projetos com a retoma do setor. Destaca várias «modificações importantes» nos processos de licenciamento em Lisboa, como a sua digitalização, especialmente ao longo do último ano, ou a proibição das apreciações das especialidades, definida na lei, mas nem sempre cumprida até há pouco. Mas defende que «temos de ser capazes de construir soluções melhores em conjunto com os promotores imobiliários, com adaptações», e acredita que «os grandes projetos têm de ser tratados de forma diferente». Garante que «estamos determinados com a resolução de projetos». Uma cidade com mobilidade mais verde e mais espaço públicoUm dos grandes focos do autarca está também na melhoria da mobilidade na cidade, em transporte coletivo metropolitano e também em transporte ciclável. Entre as suas ambições, está a duplicação da Linha de Cintura Interna ferroviária da cidade, entre as estações de Roma/Areeiro e o Oriente, obras que permitam a viragem de comboios na gare do Oriente, ou a compra de 66 novas composições, além da modernização da linha de Cascais. Estão na calha novas estações de Metro ou um metro de superfície até Oeiras ou Loures, o que promete «alterar os padrões de mobilidade». O seu executivo pretende continuar o «esforço de requalificação do espaço público» dos últimos anos. Concluído o plano “Uma Praça em Cada Bairro”, Medina quer «ligar as várias praças» numa lógica mais pedonal.