As palavras são de Miguel Agostinho, Diretor Executivo da APFM. Esta é uma proposta do setor para o futuro, mas que começa já a ser trilhada de várias formas, seja a nível da gestão energética, de edifícios, ou da mobilidade.
Foi este o tema da sessão “FM & Cities” que marcou o primeiro dia das Jornadas de FM 2020 – “A New Life Inside”, que decorrem até sexta-feira, organizadas pela Associação Portuguesa de Facility Management.
Os modelos de FM «podem estar perfeitamente alinhados com os modelos das cidades», garante David Martinez, Presidente do instituto FMHOUSE, em Madrid. Exemplificou que «precisamos sempre de modelos para resolver problemas. Quando falamos de FM e cidades, estudamos um sistema de escala das diferentes necessidades», que pode ser escalado de um edifício para uma cidade, por exemplo. «Os cidadãos são os ocupantes da cidade», conclui.
A Ferrovial já está a fornecer soluções neste sentido, nomeadamente em Portugal, em Tomar, a nível da gestão da iluminação pública ou dos recursos hídricos, nomeadamente bocas de incêndio. A ideia é «baixar os custos operacionais e de energia». E garante que, como o novo serviço que está a gerir na cidade portuguesa já prevê o uso do 5G, «não será preciso alterar a infraestrutura nos próximos 20 anos ou mais».
Cascais é outro exemplo da aplicação de novas tecnologias para tornar a vida mais simples nas cidades, neste caso na mobilidade. Com o projeto Mobi Cascais, a autarquia quer «reduzir o uso do automóvel e a sua pressão no ambiente e nas infraestruturas rodoviárias, numa transposição para os transportes coletivos e mobilidade suave».
Através desta aplicação, «os utilizadores têm todas as necessidades de transporte agregadas num único local. A Mobi Cascais é uma app que concentra tudo. De forma gratuita para quem está registado», explica Paulo Marques, da Câmara Municipal de Cascais.
Matosinhos tem já uma aplicação semelhante, a Maré. Rui Rei, da CEIIA, considera que «a sustentabilidade deve ser a peça agregadora de todo este processo e deve estimular-nos nas nossas opções do dia-a-dia».
Esta aplicação segue uma tecnologia de blockchain que «premeia os utilizadores pelas suas boas opções. Quantifica as emissões não emitidas, valoriza atribuindo um valor, e permite depois a transação. Permite-nos quantificar o que estamos a poupar por cada decisão que tomamos. Com esta plataforma de gestão, podemos verdadeiramente saber se estamos ou não a atingir os objetivos 2030, se temos de dar mais ou menos incentivos ou penalizações», explica Rui Rei.
FM para criar “livable cities”
O facility management urbano deve «responder aos desafios da sustentabilidade, resiliência, bem-estar, e energia», considera Alenka Temeljotov-Salaj, professora de FM na Norwegian University of Science and Technology.
Participando neste painel, apontou que «97% dos edifícios existentes ainda não respondem à classe A, muitos não vão conseguir, mas temos de tentar torná-los melhores, reabilita-los, para que alcancem a melhor certificação possível».
E garante que «há muitas investigações a decorrer em universidades» neste sentido.«O FM pode ser importante para criar “livable cities”, com foco no planeamento urbano e no ambiente. Por isso, queremos ativar o FM para co-criar estas cidades».
Destaca entre as tendências do momento a inovação, o virtual, economia circular, resiliência, sustentabilidade, digital, bem-estar, cultura, numa altura em que é «muito importante satisfazer os utilizadores dos edifícios, e contribuir para o seu bem-estar e saúde».
Está segura de que «para isso, são precisas responsabilidade, parcerias locais. Temos de incluir os cidadãos, para que consigamos criar bairros-ecossistemas. Passar da estratégia, para a tática, para o nível operacional», conclui.