As palavras são de Miguel Agostinho, CEO da APFM e Board Member da EuroFM, que falava à VI no âmbito das Jornadas de FM, que decorreram na semana passada, pela primeira vez num formato 100% online, devido à pandemia.Afirma que no “novo normal” ganha relevo o papel do FM na gestão dos espaços, que precisam de ser cada vez mais flexíveis, mas «não só numa pandemia, também no ciclo de vida “normal” de uma organização, existem momentos de crescimento e momentos de recessão fruto de ciclos económicos, e o FM pode e deve ajudar o core business E consegue fazê-lo ao adaptar os espaços às necessidades bem como aos constrangimentos, sejam eles internos ou externos, com a rapidez ou a antecipação necessárias», garante.Entre as novas tendências que ficaram patentes no evento, Miguel Agostinho destaca que «o FM está a tornar-se numa área para a qual os decisores se viram para perguntar como serão e para que vão servir os espaços de trabalho no futuro. Querem compreender também que serviços e onde vão eles ser prestados, estando os colaboradores a trabalhar remotamente, e qual a utilidade de ter espaços corporativos: para que servirão e que dimensão e utilidade deverão ter para as pessoas».«A relação do FM com a saúde e com a satisfação dos ocupantes dos espaços ganhou uma nova importância», afirma o responsável. E salienta também «é a necessidade da tecnologia como plataforma de gestão e de comunicação com todos os stakeholders, assegurando que em qualquer momento sabemos que espaços estão ou não ocupados, estão ou não higienizados, até permitir o acesso a espaços ou a manutenção de equipamentos de forma remota, sem a deslocação de pessoas por forma a evitar riscos desnecessários». E lembra: «com o trabalho remoto, também se podem gerir os equipamentos da empresa que não estão fisicamente nas suas instalações». Facility Management tem de ser precebido como estratégicoUm dos principais desafios da disciplina do FM nos próximos tempos passa por «ser ouvida pelos decisores das organizações».Esta á uma área que está «normalmente relegada para um segundo ou terceiro nível hierárquico, sem ser percebida como estratégica, mas antes como um centro de custo operacional. Esse é o desafio em Portugal para todos os atores nesta área, e que também é uma dificuldade para os prestadores de serviços pois, novamente, são vistos como um custo e normalmente indiferenciados».Miguel Agostinho deixa o aviso: «a falta de atenção ao Facility Management terá como consequência uma economia que continuará a funcionar com falta de eficácia e de eficiência, perdendo competitividade para outras geografias e com uma pegada ambiental desnecessariamente superior».Balanço das Jornadas online é “positivo”Fazendo um breve balanço do evento, Miguel Agostinho afirma que o saldo é positivo, «embora com um sentimento de perda por não ser presencial». Refere que «a adesão foi satisfatória, tanto do lado dos patrocinadores como do lado dos participantes».O responsável acredita que «claramente existe uma curva de aprendizagem para eventos online e estes colocam um conjunto de desafios, diferentes do presencial, mas igualmente duros de ultrapassar. Por outro lado, vemos uma enorme fadiga das pessoas a eventos online e é muito difícil passar a mensagem que o nosso é diferente das outras centenas de conferências online e webinars».E completa ainda que «estamos desde março em eventos totalmente online e embora se possa considerar que é um modelo que nos permite manter contacto com quem já está no nosso ecossistema, é muito difícil trazer para estes eventos pessoas novas, que não nos conhecem. É difícil criar uma relação de confiança à distância», admite.