"Estamos a começar um novo ciclo na JLL"

Carlos Cardoso, CEO da JLL Portugal.
Carlos Cardoso, CEO da JLL Portugal.

Como uma grande empresa com várias décadas de história, a JLL tem sabido mudar ao longo dos tempos, para se adaptar às transformações do mercado e à evolução do negócio. E, embora a mudança seja sempre um processo desafiador, sentimos que estávamos a precisar dela e, que era a altura de mudar a mentalidade e de iniciar um novo ciclo, continuando a crescer”, explica o novo CEO da JLL Portugal, Carlos Cardoso, funções que passou a acumular com a liderança da Tétris, a área de design & build da empresa.

Com 440 colaboradores e uma faturação anual próxima dos 100 milhões de euros, a JLL Portugal organiza-se em torno de três grandes áreas de negócio: a área da consultoria imobiliária, que engloba todos os serviços de assessoria, leasing, avaliações e por aí fora; a área de design & build, através da Tétris; e a área residencial. Ou seja, “deixámos de ser uma consultora imobiliária pura, porque temos várias áreas de negócio que, felizmente, têm um peso muito equitativo para os nossos resultados. Trabalhamos com clientes de todo o mundo e, prestamos uma série de serviços complementares entre si aos nossos clientes... Ou seja, temos um negócio cada vez mais complexo e, por isso, percebemos que está na altura de mudar a mentalidade ao nível também da gestão, algo que, aliás, está a acontecer na JLL a nível global”, diz à VI.

No passado, os CEOs tinham de ser quase como super vendedores, mas atualmente isso já não faz o mesmo sentido, e ao invés de estarem ocupados a fechar vendas, devem sim, ter o seu foco na gestão das equipas, enquanto agregadores de pessoas; até porque as vendas já foram feitas pelos responsáveis de cada unidade de negócio. Trata-se de uma nova filosofia de gestão, digamos assim, que embora ainda não seja muito comum neste setor de atividade, faz cada vez mais sentido”, defende o responsável. Simultaneamente, realça, “existe uma nova estratégia de verticais, muito em voga nas multinacionais, que também estamos a seguir; segundo a qual olhamos para o conjunto das diferentes especialidades, procurando agregar e alinhar os seus resultados e objetivos através da gestão. Queremos ser cada vez mais glocals, ou seja, com uma estrutura com grande conhecimento local que comunique perfeitamente entre si e que também esteja muito ligada à casa mãe, capitalizando sinergias de negócio e o conhecimento tendências internacionais. Pois, essa é, precisamente uma das grandes vantagens competitivas da JLL, enquanto multinacional”, explica Carlos Cardoso.

 

Grande objetivo é colocar as equipas a trabalhar como uma só

O mercado evolui em ciclos, e a entrada em cada novo ciclo implica mudanças e é precisamente o que está a acontecer no seio da JLL”, remata Carlos Cardoso, frisando que “embora tudo isto abra novos desafios para a empresa, também faz parte da própria transformação do mercado”.

No caso da JLL Portugal, um dos maiores desafios tem sido a reorganização da equipa, que nos últimos meses foi alvo de intensas movimentações com várias entradas e saídas que culminaram na mudança da direção da maioria dos departamentos, incluindo Capital Markets, Residencial, Markets Advisory e Avaliações. “Tivemos alguns meses com a nossa equipa de liderança desfalcada, mas neste momento podemos dizer que temos a casa novamente organizada, chegando ao final do ano com todos os diretores nomeados e em funções”, garante o CEO.

Com o final do ano à espreita, e apesar de todas as mudanças, “temos como objetivo manter os resultados em quase todos os departamentos, superando mesmo os resultados de 2023 em alguns, o que creio que vamos cumprir. Uma das exceções será a área de Capital Markets, onde é expectável uma quebra”. Quanto a 2025, a previsão é que “seja um ano bastante similar a 2024, mas também muito duro, até porque coincide com o surgimento de um novo concorrente cujo ADN é muito parecido ao nosso, e inevitavelmente isso terá impacto em todo o mercado”.

Em todo o caso, o CEO da JLL Portugal assume-se confiante pois “se nos mantivermos a trabalhar como uma só equipa, não tenho dúvidas que vai correr bem! Daí que o nosso grande desafio atual seja manter coesão em torno da liderança. Sabemos que a concorrência é forte e é boa e que há um espaço muito desafiante na implementação de uma nova equipa, especialmente quando à exceção de duas pessoas, temos um grupo de diretores novo e a conhecer-se. Passamos por tempos desafiantes, mas não temos dúvidas que os vamos superar trabalhando em equipa e, acima de tudo, sempre com a preocupação de melhorar a comunicação e o trabalho colaborativo entre os diferentes departamentos. Por isso, esse será o grande objetivo da minha gestão: pôr as equipas a trabalhar como uma só”.