A 2ª Conferência anual da WIRE realizou-se no passado dia 4 de maio, no SIL - Salão Imobiliário de Lisboa. Com o mote “ESG & Arte: O caminho para a valorização do imobiliário”, a conferência teve como Keynote speaker Norma Franco, Senior Manager at EY | Climate Change and Sustainability Services.Na sua apresentação, Norma Franco aludiu ao facto de o ESG criar um «conjunto de vantagens muito competitivas para as organizações: acrescentam e criam valor dentro dos negócios». Para além disso, este conjunto de padrões e boas práticas permite que as organizações «antecipem e tenham a capacidade de reduzir alguns dos riscos muitas das vezes associados a rotação, corrupção, como também riscos físicos e ambientais que decorrem pelo efeito das alterações climáticas», afirma Norma Franco.“Empresas que assumem no seu DNA, estes critérios, são muito mais interessantes para os investidores”A Keynote speaker da conferência da Wire constatou que, nos últimos tempos, e face a uma geração Z, o ESG «funciona como um critério para atrair e reter talento», sendo algo «muito interessante para os investidores». Indubitavelmente, as «empresas que integram e assumem no seu DNA estes critérios, acabam por ser muito mais interessantes para os investidores», admite Norma Franco.A responsável comenta que as organizações «escolhem aqueles que são os referenciais que lhes mais provêm, na verdade, utilizar para comunicar o seu desempenho» e «o facto de haver esta total liberdade das organizações em escolher estes referenciais, conduziu a um cenário onde existe pouca transparência e, também, alguma dificuldade naquilo que é a intercomparabilidade entre organizações ao nível do desempenho de sustentabilidade».Portanto, na sequência daquilo que são os grandes objetivos do Greendeal, o Pacto Ecológico Europeu, houve «uma definição de um conjunto de ferramentas para ajudar nesta divulgação e tornar, efetivamente, estas questões mais ligadas à sustentabilidade cada vez mais transparentes», afirma Norma Franco.“Investidores são muito mais cautelosos na forma como selecionam os imóveis”Na mesa-redonda de debate, com a moderação a cargo de Margarida Ordaz Caldeira, da WIRE Portugal, João Diogo Cristina, Country Manager da Merlin Properties, referiu que «ultimamente, os investidores são muito mais cautelosos na forma como selecionam os imóveis» ou pelo menos no «investimento e no reposicionamento dos ativos que adquirem». O responsável argumenta que «os investidores, a longo prazo, compreendem que o financiamento será mais caro ou que o arrendamento se tornará muito mais difícil».No caso da Merlin, «aprovámos um plano para atingir o Net Zero e estamos a reduzir a nossa pegada de carbono», indica João Diogo Cristina, acrescentando que «nos ativos existentes que possuímos – escritórios, logística e centros comerciais – estamos a reduzir a pegada de carbono operacional e de funcionamento através de pequenas e grandes coisas, como a instalação de painéis fotovoltaicos, a promoção de energias renováveis, iniciativas de poupança de energia etc.».Na Merlin, «olhamos com muito cuidado a promoção de uma economia circular, contratando especialistas locais, investindo também em materiais de baixo carbono», sublinha João Diogo Cristina.Refletir sobre “o porquê de investir?”Já Gregory Van der Elst, Representative of Sayathos Advisory da Atenor, revela que «para nós, a primeira coisa e o primeiro passo quando olhamos para o desenvolvimento é dizer: porque é que devemos investir?». Neste sentido, concordo com o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, quando refere que «precisamos de centralizar o que investimos em áreas consolidadas», aludindo para a cidade dos 15 minutos.Assim sendo, Gregory Van der Elst enfatiza que «para nós é fundamental, quando olhamos para o investimento, o acesso aos transportes públicos, principalmente ao metro, bem como trabalhar em zonas consolidadas, pois será aí que as pessoas vão viver e trabalhar, e é nesse sentido que vamos diminuir a pegada ecológica geral, quando as pessoas não tiverem de se deslocar muito».O responsável reforça que dizendo que os inquilinos «querem algo em que as pessoas sejam felizes, por isso, se estivermos num ambiente consolidado, onde temos tudo à mão, é muito mais fácil atrair as pessoas e convencê-las a estar lá». Em segundo lugar, Gregory Van der Elst frisa que «quando se constrói algo novo, também se podem aplicar critérios que estão mais dentro das tendências, por isso, hoje em dia, é mais fácil estar à altura da velocidade do mercado: assim, talvez o primeiro passo seja a localização», adiantando que «dizemos que o investimento é localização, localização e desenvolvimento de localização. Precisamos de vender ao investidor. Por isso, se não tivermos a localização, não a vendemos».“Conceber o edifício de forma a ser eficiente ”Em termos de sustentabilidade, o responsável explica que «não se trata apenas de pensar num edifício e depois tentar encaixá-lo na caixa, mas sim, desde o início, conceber o edifício de forma a ser eficiente, a reduzir a sua pegada de carbono, a ser suficientemente flexível para atrair inquilinos e a integrar-se no seu ambiente».Na ótica de Marina Ostrowski, Director of World of Os. - Real Estate and Creative Industries, «quando se define a intenção certa, qualquer acção que seja autêntica e tenha uma investigação substancial subjacente ao que se está a fazer terá um efeito positivo». A responsável salienta que «não se trata de gerar um rendimento ou uma renda mais elevados: trata-se de manter os inquilinos, de os satisfazer a longo prazo e de garantir a redução dos custos, porque estamos a criar algo que se tornará muito orgânico, criando uma comunidade que será ela própria».Por esta razão, Marina Ostrowski pensa que «é muito importante olhar para trás e dizer: o que é que vamos acrescentar?» Em primeiro lugar, «como vamos estruturar o nosso negócio e os nossos projetos? Como é que vamos utilizar espaços que temporariamente não estão a ser utilizados para o objectivo a longo prazo?», acrescenta. Os imóveis «têm um kit de tipo de usabilidade, residencial, comercial, até mesmo instalações de armazenamento, etc.», portanto «há sempre uma altura ao longo do processo em que os espaços estão disponíveis para serem utilizados», explica Marina Ostrowski.