Os escritórios, instalações laboratoriais, residências para estudantes em grandes cidades com pouca oferta com gestão profissional, lares de terceira idade, hospitais, data centres, retail parks ou hotelaria de alta qualidade são alguns dos setores com maior valor acrescentado no âmbito da “revolução sustentável” do mercado imobiliário, identifica a Savills.
A conclusão é da análise European Themes 2022, da consultora, que mostra que o reforço de regulamentação e políticas orientadas para a sustentabilidade e descarbonização, a par da crescente exigência dos ocupantes dos edifícios, vai redirecionar o foco dos investidores para a renovação de ativos já existentes. Esta «reconfiguração da cena imobiliária europeia criará novas oportunidades de investimento na Europa em 2022».
Esta tendência deverá consolidar-se nos próximos anos, fazendo surgir «novas oportunidades de valor acrescentado, com um bom potencial de aumento dos valores das rendas e, dessa forma, envigorar o mercado imobiliário europeu», afirma a Savills.
George Coleman, Life Sciences Lead na equipa de Regional Investment Advisory EMEA da Savills, indica que «o segmento imobiliário das Ciências da Vida continuará a ser um foco. O setor sofre de uma escassez de oferta crónica em localizações-chave no Reino Unido e na Europa, ao passo que a procura está a crescer».
«Esperamos ver maior atividade de investimento em clusters-chave na Europa, à medida que os investidores aumentam o seu entendimento acerca deste setor em desenvolvimento e procuram tirar proveito dos fortes e estáveis market fundamentals que oferece», acrescenta ainda.
Do lado da logística, o aumento do comércio online, nomeadamente devido aos confinamentos um pouco por toda a Europa, deverá continuar este ano, e o interesse dos investidores neste segmento vai manter-se, com cerca de metade dos operadores de logística e dos retalhistas a preverem aumentos de capacidade de armazenamento até 2025. E Portugal está entre os países capazes de atrair mais investimento para este setor, apenas atrás de França, Alemanha, Espanha e Itália.
Por outro lado, o segmento Multifamily vai continuar a ser atrativo enquanto classe de ativos core. As residências para estudantes (PBSA – Purpose-Built Student Accomodation) e lares vão continuar a crescer.
Nos escritórios, espera-se que o impacto da variante Ómicron seja mais ligeiro que o que se observou nos últimos dois anos, já que empresas e negócios estão hoje melhor preparados para lidar com a pandemia. Além disso, vários países europeus criam novas leis que potenciam a atração de talento tendo em conta os formatos de trabalho remoto. Espera-se a dinamização da procura para ocupação de escritórios em países com condições laborais atrativas, na medida em que se verifica o aumento da adoção de modelos de trabalho híbrido e o reajustamento das necessidades neste setor.
Nuno Fideles, Senior Architect, Sustainability Consultant & BREEAM AP refere que em Portugal, «esta procura de escritórios e logística que possam responder às políticas de responsabilidade social, ambiental e económica das empresas aumentou exponencialmente nos últimos meses. As grandes empresas que servem de referência ao mercado definitivamente adotaram os objetivos ESG, passando uma mensagem forte ao mercado imobiliário, obrigando-o a encontrar soluções de edifícios sustentáveis e flexíveis capazes de responder a estes critérios».
E completa que «ter um edifício com uma certificação internacional em Sustentabilidade como o BREEAM ou o LEED, já não é um ‘nice to have’, mas sim um ‘must have’».