Na sua opinião «Portugal irá recuperar muito mais rápido do que os outros países, mas para recomeçar no ponto onde estávamos [em 2019], será preciso pelo menos 1 ano e meio». Isto porque há vários fatores positivos reunidos: «os spreads estão baixos, há muita liquidez no mercado, os fundos irão recuperar (…) e os promotores não pararam e estão à espera para ver quando podem pôr em marcha novos projetos», explica na iniciativa Iberian Property Investment Talks.
Mas esta recuperação deverá depender ainda de outros fatores que só serão conhecidos no futuro, como «os níveis de desemprego, a saúde da economia, o suporte da comunidade europeia, o défice, a necessidade de liquidez das empresas e a descoberta da vacina que irá levar pelo menos um ano», refere na ocasião.
Preços dos imóveis deverão estabilizar e “talvez haja uma pequena descida”
O bom momento do mercado imobiliário português parece não dar margem para grandes descidas na valorização dos imóveis. De acordo com José Araújo, «no curto prazo, os preços vão estabilizar e talvez haja uma pequena descida».
O setor imobiliário «está muito forte neste momento e está apto para encarar uma estabilização de valores, mas não uma grande descida de preços. Claro que, isto irá depender da forma como os investidores, as empresas e as pessoas vão alocar novamente o seu capital no setor», explica.
Por outro lado, «nós temos de ser prudentes sobre as avaliações e sobre o mercado porque esta é uma situação excecional que acontece uma vez em 100 anos. Nós temos de manter a calma e recordar que a origem desta crise não é financeira, mas sim de saúde pública», sublinha.
Confiança estará na base da recuperação
Uma das variáveis mais importantes na recuperação do setor será a confiança sanitária transmitida aos consumidores. «Há diferentes questões de segurança sanitária que poderão influenciar alguns setores como é o caso do arrendamento de curto prazo, hotéis e também o retalho e os shoppings. Se formos capazes de implementar muito rapidamente medidas de segurança neste tipo de negócios, as pessoas irão começar a ter mais confiança e irão voltar», explica.
Ainda assim, «acredito que os inquilinos dos shoppings irão pressionar os proprietários para descer as rendas. Os gestores dos shoppings terão inevitavelmente de fazer algo sobre isso, e o mesmo acontecerá com os escritórios e com os bancos».
Digitalização poderá moldar o futuro do imobiliário
Apesar de não ser uma questão nova a digitalização acelerou nos últimos meses, de tal modo que, segundo José Araújo, irá moldar o futuro do imobiliário. Isto porque a digitalização «significa também menos custos para as empresas e a aceleração na tomada de decisões».
«Os locais escolhidos para comprar casa também poderão mudar um pouco. Isto porque com o teletrabalho as pessoas não têm de ir ao escritório com tanta frequência e podem preferir ou viver nas vilas perto das cidades ou viver fora dos centros das cidades, porque é mais barato», explica o responsável do imobiliário do Millennium BCP.
Por outro lado, «o modo de fazer negócios irá mudar completamente. Mas as pessoas irão continuar a sentir necessidade de visitar os imóveis, para ver como são e onde estão localizados. No final, acredito que as pessoas queiram ver o que estão a vender ou a comprar pelo menos uma vez».