Decorre no próximo dia 18 de fevereiro a Conferência Internacional “Avaliação e Sustentabilidade – Um novo paradigma”, organizada pela Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários – ANAI, promovida no âmbito do projeto High Value – Inovação e Sustentabilidade.
Jorge Vaz, professor e perito avaliador membro da direção da ANAI, explica à Vida Imobiliária que a conferência vai reunir no auditório do Museu do Oriente, em Lisboa, mais de 20 parceiros internacionais, representantes das instituições mais relevantes do setor, como a Tegova, o IVSC (International Valuation Standards Council), IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), ADENE e CMVM, entre outros, num total de cerca de 200 participantes.
O evento destina-se «a todos os interessados nestas matérias, desde empresas a profissionais ligados ao setor da avaliação de património, bem como os parceiros internacionais que representem instituições relevantes do setor», afirma Jorge Vaz.
Os novos desafios para o setor da avaliação, as principais alterações introduzidas pelas normas internacionais de avaliação em matéria de sustentabilidade, a eficiência energética e ambiental e o seu reflexo na avaliação de ativos, a componente da sustentabilidade na formação de valor imobiliário e a normalização da avaliação de máquinas, equipamentos e instalações técnicas industriais (AMEITI) serão os grandes temas que dão mote aos painéis inseridos no programa do evento.
Jorge Vaz identifica que «a atividade de avaliação de património enfrenta enormes desafios quer no presente devido ao clima de incerteza provocado pela pandemia COVID-19, em resultado das transformações que irão ocorre no setor imobiliário a curto prazo, exigindo aos profissionais da avaliação um esforço profundo de adaptação e uma forte aposta na qualificação e na inovação». Por outro lado, a nova legislação que regula o acesso e o exercício da atividade dos peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema financeiro nacional, bem como dos Regulamentos da CMVM e circulares do Banco de Portugal a respeito da Avaliação Imobiliária, a par com a atribuição do papel de supervisor à CMVM, «vieram trazer alguma regulação a um setor caracterizado até então pela desregulação normativa».
Além disso, o mercado sente hoje «uma mudança de paradigma» ao nível da sustentabilidade. «As recentes alterações legislativas decorrentes do Green Deal Europeu e da implementação da diretiva EPBD estão já a ter um enorme impacto no setor imobiliário e, consequentemente, na avaliação de ativos. Questões como a imposição legal de efetuar uma renovação profunda num edifício e melhorar o seu desempenho energético para um standard mínimo aquando da mudança de inquilino ou no caso de venda do imóvel, por exemplo, irão transformar os mercados imobiliários. Caberá, por sua vez, ao avaliador imobiliário incorporar os fatores de sustentabilidade e desempenho energético na equação de composição de valor», afirma o especialista.
Por outro lado, a incorporação de estratégias de Environmental, Social and Governance (ESG) estão na ordem do dia em quase todos os setores de atividade, e o imobiliário não é exceção, nomeadamente no que diz respeito ao fator energético, «não só por imposição legal mas também por ser uma característica valorizada pela procura. Para a atividade de avaliação a mudança de paradigma implica a incorporação dos fatores ESG no modelo de composição do valor imobiliário, estando neste momento as entidades internacionais emissoras de normas de avaliação a trabalhar em notas orientadoras a este respeito».