Foto: Medici Living Group
Esta é uma das conclusões apontadas no novo relatório da CBRE “Europe Co-Living”, que analisa as tendências económicas, sociais e imobiliárias, que deram origem a esta nova classe de ativos na Europa e a dinâmica de seis cidades - Londres, Amsterdão, Berlim, Madrid, Milão e Viena – nas quais o formato de co-living se encontra mais estabelecido.
Este é um tipo de formato híbrido que “junta” o arrendamento habitacional com as residências de estudantes. A habitação privada tem forte complemento de zonas comuns, e usufruto de vários serviços integrados, e tem vindo a registar um forte crescimento em resposta à necessidade de habitação de qualidade com espírito de comunidade nos centros urbanos, sendo essencialmente vocacionado para jovens profissionais.
Segundo a CBRE, por um lado, o crescimento exponencial dos preços (45% desde 2013, no caso de Portugal) tem dificultado o acesso à habitação. Por outro, a mobilidade internacional fez com que as empresas pudessem atrair talento em qualquer parte do mundo. Além disso, as alterações dos modelos de trabalho, o aumento da sensação de solidão e a difusão da economia de partilha «levam as pessoas a reequacionar o ambiente onde querem viver». Com o aumento do teletrabalho, «esta é uma oferta cada vez mais atrativa», a par da possibilidade de celebrar contratos com duração mais flexível e menos dispendiosos.
Cristina Arouca destaca que «o número de arrendatários tem vindo a aumentar em toda a Europa, não apenas devido a restrições financeiras, mas também à necessidade de flexibilidade. O co-living é uma solução de habitação que responde ao crescimento do número de pessoas que procuram o arrendamento, assim como à necessidade de socialização e pertença».
No caso de Portugal, o país «tem ainda uma reduzida proporção de agregados familiares com contratos de arrendamento: 26% em Portugal vs 31% em média na União Europeia (em 2018), tendo por isso ainda um elevado potencial de desenvolvimento», identifica a responsável.
Nuno Nunes, Diretor de Capital Markets na CBRE Portugal, acrescenta que «em Portugal, existem já alguns conceitos de co-living embora a maioria tenha uma oferta reduzida de unidades e não tenha sido desenhada de raiz com esse propósito. No entanto, existem já promotores a criar empreendimentos de raiz e com dimensão, tendo os dois primeiros sido inaugurados este ano em Santa Apolónia e Carcavelos pela Smart Studios».
No entanto, é um mercado cada vez mais atrativo. Segundo Nuno Nunes, «os operadores internacionais especializados na exploração deste tipo de unidades não estão ainda presentes em Portugal, embora diversos já tenham revelado interesse em entrar no nosso país». Está convicto de que «Portugal apresenta os principais fundamentos para o desenvolvimento deste conceito e deste modo a CBRE prevê que surjam em breve mais projetos».