O projeto em causa está planeado para o centro de Vilamoura. Prevê a criação de mais 2.400 camas (mais 47 que o número inicialmente previsto em 1998) e a criação de 4 lagos de água salgada, num prazo de execução de 10 anos, a desenvolver em duas fases.
O Público recorda que a Comissão de Avaliação de Impacto Ambiental, liderada pela CCDR, deliberou em setembro passado devolver o projeto ao promotor para ajustes consentâneos com a realidade atual, já que o projeto foi classificado como Potencial Interesse Nacional (PIN) há 12 anos atrás, o que lhe dá direitos adquiridos.
Já nessa altura alertava para problemas relacionados com as alterações climáticas, que «não devem ser descurados, sob pena de comprometermos a própria viabilidade do projeto». Os cenários da nova proposta não preveem que o mar possa chegar às casas, e foram planeadas obras de minimização, como o desvio da ribeira de Quarteira e uma intervenção no Vale Tisnado, além da construção de um dique de proteção de cheias. A promotora Lusotur consideram que o projeto «não possui vulnerabilidade alta a qualquer evento relacionado com as alterações climáticas».
A nova versão corta 1,5 hectares à zona verde, para um total de 5,7, e a autarquia defende que «os acertos pontuais aos parâmetros urbanísticos» resultam ainda mais penalizadores para o interesse público.
Porque a nova proposta «não dá cumprimento» às normas em vigor, a autarquia passou o parecer de “favorável condicionado” para desfavorável”. E exige a duplicação dos lugares de estacionamento público para mais 325 do que o previsto.
Já o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas emitiu um parecer “favorável condicionado” ao projeto, mas exige medidas ao nível da conservação do caniçal que será destruído, propondo como medidas compensatórias o aumento da área do parque ambiental, de 38 para 58,8 hectares.
As organizações ambientalistas consideram a Cidade Lacustre «uma ameaça» aos valores ambientais e à qualidade de vida, além de «uma destruição para a conservação de habitats e espécies da fauna e da flora», descreve Luís Brás, da associação Almargem, citado pela mesma fonte. Considera que este é «um projeto do passado, desajustado da realidade presente, o qual parece ignorar o futuro».
A Comissão de Avaliação de Impacto Ambiental, liderada pela CCDR, reúne esta sexta-feira para decidir o futuro da expansão do empreendimento turístico.