A atual legislação do arrendamento urbano não é atrativa para a criação de oferta de construção para arrendamento, ou o chamado “built to rent”, apesar de este ser um setor procurado pelos investidores.É o que defende Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII, que afirma que «o BTR não é viável em Portugal. Com o status quo legislativo que temos, não haverá BTR, a não ser que emendemos as últimas políticas que temos visto», recordando que «o Novo Regime do Arrendamento Urbano foi alterado mais de 10 vezes nos últimos 10 anos. E estes negócios fazem-se com um “business plan” de 15 ou 20 anos».O responsável falava durante a conferência “O Futuro do Setor Imobiliário”, parte do SIL Investment Pro, que se realizou durante a última sexta-feira, durante o SIL. Lembrou que «com o tipo de legislação que temos atualmente, caminhamos para uma cada vez maior desresponsabilização do inquilino incumpridor, e o BTR vive das rendas que vai receber. É uma grande tendência de investimento a nível europeu, os investidores querem muito investir em Portugal, mas vejo muito poucos projetos a avançar. E esse tipo de oferta seria a forma mais fácil de resolver o problema da habitação».Hugo Santos Ferreira garante que «temos tido reuniões muito regulares com o ministério da habitação e das infraestruturas, que está preocupado com esta matéria. Estamos a trabalhar para tentar resolver pontualmente alguns pormenores que impeçam os investidores de entrar no Programa de Arrendamento Acessível», exemplifica. Isto porque «queremos apenas estabilidade e confiança para avançar», resume.Mercado vai continuar a valorizarOs preços do imobiliário deverão continuar a crescer nos próximos tempos. Participante deste painel, Francisco Bacelar, Presidente da ASMIP, acredita que «os preços vão continuar a subir um pouco durante algum tempo. A procura continua a ser muito superior à oferta», apesar de diferentes regiões do país terem comportamentos distintos.Paulo Caiado, Presidente da APEMIP, afirma que «os preços vão continuar a crescer», numa altura em que «nem só as zonas suburbanas são alternativa. Há muitos fluxos de procura em torno de Lisboa e do Porto em concelhos que estão a assistir a um novo repovoamento de aldeias, por exemplo».Já Paulo Silva, Vice-Presidente da ACAI, recorda que «esta margem de crescimento dos preços tem o pressuposto do interesse contínuo em Portugal. Se de hoje para amanhã deixar de existir, os preços caem, pois é a procura externa que induz este nível de preços. Se continuarmos competitivos e atrativos, haverá aumento dos preços».A ajudar à subida, está a pressão sobre o custo do produto, nomeadamente devido à falta de mão-de-obra e à pouca capacidade produtiva do lado da oferta, ou às dificuldades burocráticas dos licenciamentos. Paulo Silva remata que «ou temos um Estado que investe, ou um Estado que cria as condições para que a oferta seja criada».Associações assumem-se mais unidas do que nunca«Os tempos são demasiado desafiantes para as associações não andarem unidas», afirmou Hugo Santos Ferreira, segundo o qual «este período de recuperação económica exige que estejamos de facto unidos, e que tenhamos uma foz única e forte para que os nossos Governantes nos oiçam».Pedro Fontaínhas, Diretor Executivo da APR, testemunha que «esta crise aproximou-nos, apesar de já não estarmos muito longe. Estamos numa fase de nova colaboração».Paulo Caiado acredita que «esta união das associações do setor é indispensável para os desafios que temos pela frente». E desvenda ainda que «talvez não faça muito sentido manter duas associações do setor a longo prazo». Francisco Bacelar confirma que as negociações têm acontecido, e que «é possível unirmos força e fazermos caminhos conjuntos».