Banco Português de Fomento “tem de ser das empresas e para as empresas”

Com liderança renovada, o Banco Português de Fomento assume que «um banco soberano tem de ser das empresas e para as empresas», e promete muitas novidades para os próximos meses, com «menos burocracias e menos complicações». Quem o garante é Gonçalo Regalado, presidente executivo do Banco Português de Fomento, no cargo há menos de dois meses, que foi o convidado da “59th Executive Breakfast Session”, organizada pela APPII em Lisboa a 19 de fevereiro. A instituição foca-se em produtos como garantias financeiras, capital para investimento direto em empresas, capital via ecossistema com fundos de investimento, fundos europeus, seguros de crédito para exportações e outros tipos de financiamento a longo prazo. Junto dos promotores e investidores imobiliários, partilhou a sua expetativa de «dinamização e mudanças no BPF», onde a redução da burocracia e o respeito pelos empresários são prioridade. O banco quer ser mais digital, e vai ter «vários desenvolvimentos tecnológicos novos». «Temos de saber onde estamos e para onde queremos ir. Temos de colocar garantias ao dispor das empresas e ser um “braço” dos fundos europeus para garantir velocidade de execução do PRR ou do PT2030, ser um banco de todo o investimento, do estrangeiro em Portugal e de Portugal no estrangeiro, com acesso às várias parcerias multilaterais», refere Gonçalo Regalado. Uma das novidades que o BPF prepara para este ano é a restruturação da Portugal Ventures, para que possa acompanhar mais rondas de investimento. Mas também várias questões de funcionamento e estrutura interna, incluindo uma nova estratégia de serviço de garantias. «No final, esperamos que a nossa estrutura seja bastante mais simples e mais clara, para prestar um melhor serviço». BPF quer “aumentar o acesso ao financiamento por parte dos empresários” O Banco Português de Fomento tem disponíveis cerca de 1.700 milhões de euros para investimento na capitalização de empresas e quer aumentar o acesso ao financiamento por parte dos empresários. «A execução do capital é prioridade, o dinheiro não pode ficar parado nas empresas», avisou o responsável. «Vamos colocar 50.000 empresas pré-aprovadas já em março e outras cerca de 50.000 a cada mês do ano, por forma a dar maior folga à banca comercial e mais flexibilidade às empresas». E avança que neste primeiro “lote” de 50.000 empresas cerca de 10% dizem respeito ao setor da construção e outros 10% ao setor imobiliário. No que diz respeito ao financiamento e acesso aos apoios europeus, garante que «as empresas portuguesas não vão ter falta de garantias, e precisam delas para conseguir fazer os seus projetos». No âmbito de uma parceria que está a ser trabalhada entre o BPF e o Fundo Europeu de Investimento (parte do Banco Europeu de Investimento), estarão disponíveis 3.250 milhões de euros para inovação e digitalização, 2.000 milhões para sustentabilidade, 750 para competitividade e 500 para a agricultura. «É esta a nossa previsão de alocação setorial». Sobre as novas exigências de sustentabilidade, que impactam também os custos do financiamento dos projetos das empresas, Gonçalo Regalado garantiu que não faltará financiamento mesmo para os projetos não tão “verdes”, ainda que as condições possam ser distintas. «Temos linhas específicas e sim, queremos financiar a sustentabilidade, mas também temos de financiar a transição». De qualquer modo, «todos os projetos que sejam sustentáveis, de qualquer área, vão ser considerados como tal». Habitação terá novas garantias este ano Há investimentos específicos previstos para a habitação, e o BPF está a trabalhar com o Ministério das Infraestruturas e da Habitação no âmbito do PRR Habitação para criar garantias de 95% para as autarquias, para que não haja atrasos na execução do plano de construção dos 59.000 fogos anunciados pelo Governo. Por outro lado, as Estratégias Locais de Habitação terão cerca de 100.000 casas abrangidas por estas garantias, e no novo IFRRU 2030, «queremos colocar uma parte de subvenção. Queremos permitir algum fundo perdido, à semelhança da linha de apoio à oferta turística». Acreditando que «nem toda a habitação tem de ser pública», o BPF tem também garantias específicas no âmbito da parceria com o FEI para habitação acessível, habitação social, residências de estudantes ou sénior, e outros modelos semelhantes. As novidades serão lançadas ao longo do ano, segundo o presidente da instituição: «teremos um programa para entregar ao setor a cada trimestre». Neste encontro com o setor imobiliário, Hugo Santos Ferreira, presidente da APPII, saudou a “grande dinâmica” demonstrada por Gonçalo Regalado, e confirmou que «a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários está completamente disponível para colaborar» com o Banco Português de Fomento.

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