Os preços das casas têm-se mantido estáveis, mas o regulador alertou esta semana, no Relatório de Estabilidade Financeira de dezembro, que «os preços do imobiliário residencial mostraram resiliência, mas persistem riscos de uma correção em baixa».
Este é um dos riscos apontados pelo BdP que podem afetar a estabilidade dos bancos a nível nacional, a par da maior volatilidade das bolsas ou das dificuldades de implementação do acordo político em torno do Plano de Recuperação e Resiliência para a Europa, entre outros.
Para já, o BdP evidencia a resiliência do mercado durante os primeiros meses da pandemia, com os preços da casa a manterem a sua tendência de crescimento, mas de forma mais moderada, numa subida homóloga de 7,8% no segundo trimestre. Os dados de bases privadas de operadores do mercado imobiliário residencial apontam para uma recuperação do nível de transações no terceiro trimestre deste ano.
Para este comportamento contribuíram as políticas do Banco Central Europeu ou as moratórias ao crédito, prolongadas para o próximo ano, que ampararam a pressão de venda dos ativos. «A resiliência dos preços do imobiliário residencial não será estranha à política acomodatícia do BCE. As taxas de juro muito baixas constituem um fator importante, favorecendo também a procura de crédito à habitação», pode ler-se no relatório.
Os modelos do regulador apontam para uma sobrevalorização das casas em Portugal no próximo ano, mas esta leitura deve ser feita com cuidado, pois nem todas as variáveis podem ser consideradas. Fatores como a procura de casas para fins turísticos ou a procura de investidores estrangeiros pode impactar as previsões para o imobiliário, «que terão contribuído para o aumento dos preços neste mercado no período que antecedeu a crise pandémica».
«Uma vez que estas duas determinantes estão particularmente expostas à incerteza da duração da crise pandémica, este risco é relevante para os agentes económicos com ativos imobiliários residenciais», diz o BdP.
O regulador deixa ainda uma nota sobre o mercado de arrendamento, que registou um aumento do valor médio das rendas, mas com um abrandamento face ao final de 2019, de 3,4% para 2,2% no terceiro trimestre de 2020. E alerta que «uma recuperação incompleta do turismo poderá diminuir as rendibilidades neste mercado, levando a um aumento da oferta para residentes e consequente abrandamento adicional das rendas em algumas regiões. A expetativa de manutenção de taxas de juro muito baixas poderá contribuir para mitigar a dinâmica descrita. Apesar da relevância limitada do mercado, a redução do crescimento das rendas poderá traduzir-se no abrandamento dos preços da habitação pelo efeito de arbitragem entre o mercado de aquisição de habitação e o mercado de arrendamento», pode ler-se.