Os bancos vão ter «um papel central na retoma do setor imobiliário» nos próximos tempos. É o que defende Francisco Horta e Costa, da CBRE, que considera que «os bancos podem mudar a direção da retoma».O responsável foi um dos convidados do mais recente webinar “O Roteiro da Retoma”, uma iniciativa da APPII, da Vi e da Ci, que se realizou esta terça-feira em torno do tema “Tendências e Desafios 2021”.Partilhou neste fórum a sua opinião sobre a importância do financiamento bancário no mercado imobiliário, alertando para o facto de que «as limitações ao acesso ao financiamento é um dos maiores bloqueios à retoma». Atualmente, «é muito difícil medir o preço do risco das operações, e é muito difícil avaliar algumas delas por isso mesmo». E os bancos «são sempre mais conservadores e não lidam bem com a incerteza».Por outro lado, analisa, «os reguladores tendem a penalizar o financiamento imobiliário, e isto pode levar a que as operações mais seguras sejam aquelas que os bancos têm mais dificuldades em acompanhar. Caímos um pouco na armadilha do “casa arrombada, trancas à porta”», afirmou, comparando com a última crise.Questionado sobre os financiamentos alternativos, Francisco Horta e Costa identifica que «os “novos” financiadores alteraram os seus apetites com a pandemia, e procuram coisas mais “oportunísticas”». Acredita que este tipo de financiamento «não fará a diferença», mas defende o regresso «dos bancos especializados em financiamento imobiliário, que fossem rápidos na análise e tomada de decisão».Fim das moratórias “pode ditar o fim do mercado”Os especialistas que participaram neste webinar pedem cautela em relação ao tema das moratórias, e defendem o seu prolongamento, de forma a minimizar os impactos da crise no imobiliário.Ricardo Guimarães, da Confidencial Imobiliário, considera que «mexer no tema das moratórias é de facto sensível. Seria fundamental não cometer os erros da crise financeira anterior, quando não se tomaram medidas para preservar o valor do mercado».Considera que «o mercado tem de ser relativamente apoiado para evitar um contágio do mercado sobre a banca e tudo o que já sabemos que daí pode decorrer. Desvalorizar o mercado em contexto de baixas taxas de juro é uma arte que se dispensa. Existem todas as condições para preservar este valor».Por seu turno, João Nuno Magalhães, da Predibisa, acredita que «o fim das moratórias pode ditar o fim do mercado, e é muito importante evitar isso. Temos 20.000 milhões em crédito à habitação em moratórias. Com as restantes, são quase 45.000 milhões de euros». Mas, acreditando no prolongamento deste regime, admite que «as moratórias não podem durar para sempre, mas temos de olhar para isto com muito cuidado. Os que precisam realmente devem ser beneficiados».Neste webinar, participaram também Paulo Silva, da Savills; Pedro Lancastre, da JLL; Pedro Rutkowski, da Worx, e Eric van Leuven, da Cushman & Wakefield, além de António Gil Machado, da VI, e Hugo Santos Ferreira, da APPII.