Avaliação dos ativos precisa de “fórmulas alternativas”

Avaliação dos ativos precisa de “fórmulas alternativas”

Este é conselho do Banco de Espanha, que Ignacio Martos, presidente de Tinsa, diz já estar a implementar na empresa. «O uso de variáveis comparativas não é o único modo de realizar avaliações e o Banco de Espanha já solicitou a procura de fórmulas alternativas para medir o valor dos ativos», refere em entrevista ao Iberian Property Investment Talks.

Para apoiar nesta tarefa, Tinsa dispõe de «uma grande base de dados» com informação dos ativos localizados na Ibéria. «Detemos cerca de 30% do mercado espanhol e português, e, portanto, um terço da indústria imobiliária está na nossa base de dados, o que nos mostra uma grande perspetiva história para compreender a atual situação, ainda que seja um grande desafio. Nas nossas avaliações, enfatizamos que estamos num momento peculiar e que seremos capazes de enfrentar desafios para verificar esse valor», explica na ocasião.

Embora considere que esta é uma situação temporária, e «que durará cerca de 6 meses», o presidente de Tinsa assume que teremos de esperar pelo final do verão para ter uma perspetiva do futuro do setor, o que será «necessário para saber quanto tempo será necessário para voltar ao ponto em que ficámos em dezembro de 2019». Na sua opinião, não bastará um ano e meio de recuperação para alcançar essa meta, porque «haverá outras situações de stress com as quais teremos de lidar».

 

Turismo demorará muito a voltar à normalidade

A normalidade no turismo deverá demorar a voltar. Este é «um segmento com grande impacto na indústria imobiliária» - já que representa cerca de 14% do PIB tanto de Espanha como de Portugal – que deverá recuperar passo a passo.

«Espanha recebeu 84 milhões de turistas só o ano passado, que deixaram de vir este ano. Depois desta situação, o setor vai demorar muito tempo a recuperar a atividade. Grandes empresas como Amadeus, Iberia e outras companhias aéreas consideram que, no melhor dos cenários, o tráfego do próximo ano será 60% do que foi em 2019. Em 2022 será de 80%, pelo que demorará muito a voltar à normalidade», explica o presidente de Tinsa na ocasião.

Dada a instabilidade do setor, o Ignacio Martos antecipa que a situação poderá gerar alguma dinâmica no setor, já que «a crise obrigará a indústria a reestruturar-se. Alguns hotéis terão de fechar e haverá também fusões e concentração de empresas».

 

Contacto presencial é importante para a criatividade

Apesar de os hábitos de trabalho terem mudado, Ignacio Martos considera que se está a sobrevalorizar o impacto da transformação digital no setor de escritórios.

«Pode acelerar-se a adoção de habilidades tecnológicas, mas não se vai acabar com o contacto presencial e com reuniões, pois são muito importantes para a criatividade e para a inovação. Os humanos precisam de estar em contacto com o outro. Trabalhar em casa é agradável, mas é circunstancial.  Não estamos preparados para o teletrabalho. O objetivo de uma casa é morar com a família e o escritório ajuda a ordenar a vida profissional. É saudável separar as duas áreas», argumenta.

Nesta conjuntura marcada pela incerteza, a estratégia de Tinsa passa por manter toda a equipa unida porque «não sabemos quais são as batalhas que teremos de enfrentar no futuro». Sobre este ponto, Ignacio Martos aconselha ainda a «reduzir os gastos e os custos e permanecer numa zona segura em matéria fiscal».