Portugal deve tirar partido do seu posicionamento estratégico que lhe permite assumir-se como uma plataforma global de acesso a um mercado de cerca de 700 milhões de consumidores. É o que defende Ricardo Arroja, presidente da AICEP.O responsável foi o orador convidado da 61st Executive Breakfast Session que a APPII organizou a 13 de maio no Tivoli Avenida da Liberdade, em Lisboa, no qual referiu que o país deve também aproveitar as suas vantagens “enquanto país estável, seguro, tranquilo e confortável para fazer negócios”. Acredita que “faz todo o sentido juntar esforços e fazer um caminho de parceria mútua” com o setor imobiliário. Para o presidente da AICEP, “sem uma economia internacionalizada, não conseguimos atrair o investimento direto estrangeiro de que necessitamos (que no ano passado atingiu um recorde de 13.000 milhões de euros). São coisas indissociáveis”. A AICEP trabalha nesta promoção através de uma rede direta com mais de 50 países, de programas da Academia AICEP e outras iniciativas. “Posicionamos o país tendo em conta a dimensão do nosso mercado, mas somos uma porta de entrada para a União Europeia e para os países da CPLP, são mais de 700 milhões de potenciais consumidores".O país deve “destacar-se nos setores e tecnologias em que somos bons, e temos de definir o que é estratégico para nós. O imobiliário é um deles, e tem-se qualificado muito nos últimos atraindo muito investimento para o nosso país”, incluindo as áreas da construção, engenharia e arquitetura. “Claro que temos desafios de escala, mas temos empresas fantásticas”.Outras áreas incluem o setor agroalimentar (azeite, tomate, framboesa), aeronáutico, automóvel, ou ciências da vida. “São áreas de valor acrescentado e de grande incorporação tecnológica”. Destaca ainda a qualidade das estruturas e infraestruturas digitais do país, que permitem “uma grande capacidade para gerir tráfego digital e desenvolver projetos como centros de dados”, exemplifica.Mas, para Ricardo Arroja, “hoje não basta pensar em setores, mas sim nas tecnologias que vão mudar o mundo nos próximos anos. Temos de ter capacidade de nos posicionarmos no futuro, é daí que vai resultar a transformação estrutural da economia portuguesa”.Uma das áreas que a AICEP quer dinamizar são os parques empresariais e industriais, tirando da experiência que já tem em polos como Sines, e adaptá-la a outras zonas do país. “Temos vários parques empresariais que estão aquém do seu potencial. Queremos usar o know-how que já temos em Sines, por exemplo”.Em paralelo, “precisamos de mais habitação. Seguindo os fluxos de investimento industrial, podem surgir novas oportunidades muito completas, e vemos potencial de parceria entre a AICEP e associações como a APPII. Faz todo o sentido juntar esforços para beneficiarem dos programas e iniciativas que estamos a desenvolver”. E apela aos promotores e investidores imobiliários: “sempre que tiverem ativos que se enquadrem em investimento industrial, falem connosco”.Ricardo Arroja lembrou ainda que Portugal tem “todas as condições para se posicionar bem em serviços que vão ao encontro das necessidades da população sénior, que é crescente”, como as residências com serviços de saúde. “Temos de encontrar instrumentos fiscais que aumentem essa atividade e outras soluções que permitam ter mais projetos nessas áreas”.