A Associação da Hotelaria de Portugal alertou esta semana para a «grave situação» que os hotéis atravessam dada a evolução da situação pandémica, antevendo «com pessimismo os próximos tempos, na ausência de apoios específicos às empresas por parte do Governo».
Em comunicado, o presidente da AHP, Raul Martins, alerta que «os apoios públicos são imprescindíveis para ultrapassarmos as consequências económicas da 5ª vaga e prepararmos a retoma futura», e lamenta que «depois dos anúncios feitos e do Banco de Fomento fazer publicidade à linha de apoio ao turismo de 150 milhões de euros, por via da qual se pretende apoiar a retoma sustentável do turismo, nomeadamente através do reforço de fundo de maneio das empresas viáveis, note-se, e da dinamização dos investimentos relevantes para o setor, nada aconteceu! Na prática, onde estão os protocolos bancários? Que bancos aderiram? Quando é que de facto os empresários se podem dirigir ao seu banco?», questiona.
Raul Martins recorda que «depois de um verão que deu sinais de retoma e dos hotéis se prepararem para o arranque, este volte-face na pandemia e as medidas restritivas anunciadas - aliás, confusas, erráticas e de última hora-, significaram um terrível abanão nas nossas empresas. Muitos hotéis que tinham aberto para o verão e que ainda tiveram um mês de outubro razoável, quando comparado com 2020, note-se, fizeram o esforço de preparar a operação para o Natal e Passagem de Ano, entraram em despesas importantes e reativaram canais de venda e distribuição».
«O que se seguiu é o que sabemos: se alguns hotéis nalgumas regiões ainda conseguiram resultados positivos, o grosso da nossa hotelaria está completamente descapitalizada, com uma tesouraria esgotada e sem possibilidades de sobreviver aos tempos que se adivinham. E mais: o primeiro trimestre de 2022 vai ser muito pior do que tínhamos previsto», antevê.
O responsável da AHP acrescenta que «se o verão de 2021 foi melhor em comparação com 2020, ficou muito aquém do de 2019 e soma-se a quase 2 anos de resultados zero. E o mês de novembro, como o INE divulgou, foi muito pior: o número de hóspedes e de dormidas caiu -17,0% e -12,4%, respetivamente, perante 2019. E a gravidade é tanto maior quando as dormidas registadas nos primeiros onze meses de 2021, comparando com o mesmo período de 2019, diminuíram 47,7% (-10,8% nos residentes e -63,3% nos não residentes). E mais: em novembro, 33,8% dos estabelecimentos de alojamento turístico estiveram encerrados ou não registaram movimento de hóspedes!».
Raul Martins remata que «da nossa parte, tudo estamos a fazer para sobreviver a esta tempestade. A incerteza é grande e os momentos que atravessamos exigem disponibilidade e concretização dos apoios públicos o quanto antes. Só assim estaremos de pé para a retoma, que esperamos e desejamos que possa acontecer no 2º semestre de 2022».