A Associação da Hotelaria de Portugal manifestou-se esta semana contra a aplicação de taxa turística no concelho, nomeadamente através de uma reunião com o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra.
A associação defende que «só em destinos turísticos considerados “maduros” é que se justifica a criação deste tipo de taxas, o que não acontece neste caso. A performance da cidade está muito longe de outros destinos portugueses onde a “pegada turística” é evidente».
Por outro lado, a AHP recorda que «há muito» que defende que «as taxas turísticas não devem incidir exclusivamente sobre o alojamento turístico, por considerar que deveriam ser também aplicadas a todos os agentes económicos do concelho».
Em comunicado, a AHP nota também que «no momento atual, a criação da taxa é totalmente inoportuna, tendo em conta o período conturbado que o setor viveu nos últimos 2 anos, com a pandemia de COVID-19, que levou a quebras nas receitas da hotelaria de 66% em 2020 e 46% em 2021, comparativamente com 2019, quebras essas das quais a hotelaria da cidade de Coimbra ainda não recuperou, o que deixou os operadores económicos deste setor numa situação extremamente fragilizada, apesar da recuperação de 2022 (que, aliás, foi bem mais tímida em Coimbra, muito dependente do mercado nacional e dos segmentos de congressos e reuniões)».
Também a atual conjuntura global não abona a favor da aplicação de taxa turística, segundo a AHP.
Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, considera que «é essencial ouvir a Hotelaria, por isso agradecemos e louvamos o Senhor Presidente da Câmara pela abertura e disponibilidade em nos receber. De resto, já nos constituímos como interessados no procedimento administrativo, bem como todos os hoteleiros da cidade».
«Estamos contra a criação da taxa, mais ainda agora, mas disponíveis para trabalhar em conjunto com o Município de Coimbra para, em conjunto, encontrarmos um caminho que satisfaça todas as partes. Coimbra é sem qualquer dúvida um destino fantástico, de imenso potencial e que merece ter entre os hoteleiros e a autarquia uma parceria orientada para servir o melhor interesse da cidade».
A responsável acrescenta outra preocupação: «a operação hoteleira não para, há já contratos celebrados para o próximo ano e seguintes com diversos operadores turísticos que têm de ser salvaguardados, em razão dos princípios da boa-fé e do cumprimento pontual dos contratos. É que os preços estão fechados e teme-se que se a taxa avançar quem terá de suportar esses custos, direta ou indiretamente, sejam os hoteleiros e não os hóspedes ou os operadores».