A Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve considera que as medidas recentemente anunciadas pelo Governo para ajudar as empresas a fazer face aos efeitos da pandemia «sabem a pouco», e que foram tomadas «na perspetiva de uma retoma progressiva da economia que, no caso do turismo, ainda não aconteceu».
A AHETA dá o exemplo da prorrogação das moratórias até setembro, que «não só não resolve os problemas das empresas hoteleiras e turísticas do Algarve, como as deixa mergulhadas num mar de incertezas e, por conseguinte, sem perspetivas de futuro».
Considera que «as previsões para o próximo Verão não permitem arrecadar receitas suficientes para suportar os elevados custos fixos dos empreendimentos turísticos regionais durante a próxima época baixa». Salienta que, no final da época alta, «as empresas irão enfrentar mais uma estação baixa, cuja gestão é deficitária, enquanto a previsível retoma a partir da Páscoa do próximo ano será gradual e muito lenta, indo demorar alguns anos, não tendo sido tomadas quaisquer medidas financeiras destinadas à capitalização e recapitalização das empresas, uma das medidas mais importantes e necessárias no atual contexto», e aponta a retoma para níveis de atividade de anos anteriores só em 2022.
Por isso, «as moratórias fiscais e financeiras devem ser prorrogadas até Setembro do próximo ano, já que as empresas não irão gerar “cash flow” suficiente para suportar os elevados custos fixos e, muito menos, as amortizações de capital em dívida e respetivos juros».
Considera também insuficientes as linhas de crédito, o Programa APOIAR ou APOIAR RRENDAS, e que o lay-off simplificado, «apesar de alargado, revela-se pouco ambicioso e muito burocrático, continuando a transferir para as empresas de alguma dimensão a responsabilidade de suportar uma parte importante dos custos salariais e outros encargos, como a TSU, por exemplo, cuja isenção é concedida apenas para grandes quebras de faturação e por um período demasiado curto».
Para a AHETA, «o Governo está focado em aprovar medidas, no pressuposto de uma retoma turística, dita progressiva, esquecendo que a economia do turismo só irá recuperar de forma satisfatória após a resolução do problema sanitário. Neste sentido, torna-se claro que as empresas não estão em condições de suportar os custos fixos e as despesas e amortizações do capital em dívida». Exemplifica que «o Governo insiste em continuar a exigir um Pagamento Especial por Conta sobre Lucros, (IRC), sabendo que as empresas hoteleiras e turísticas registaram quebras superiores a 70% nas suas receitas e, portanto, não contabilizam quaisquer lucros durante um período superior a 2,5 anos».
E deixa o alerta: «muitas empresas enfrentam um cenário muito dramático, não lhes restando outra solução para além do encerramento ou a insolvência, o que vai acentuar ainda mais os níveis de desemprego na região», apelando a que o Governo implemente «o prometido Plano Específico de Emergência para Recuperar o Turismo do Algarve, instrumento sem o qual as empresas hoteleiras e turísticas e a região não terão condições para enfrentar a situação de enormes dificuldades em que se encontram», pode ainda ler-se em comunicado.