A Associação de Hotelaria de Portugal anunciou, esta quinta-feira, os resultados do inquérito "Balanço 2022 & Perspetivas 2023". Numa amostra robusta, que contempla 375 estabelecimentos, 54% dos inquiridos apontam que os níveis da operação, em 2023, já atingiram os observados em 2019, o melhor ano para o turismo antes da pandemia de covid-19. Em contrapartida, 25% dos hoteleiros inquiridos assinalam que, apenas no segundo semestre de 2023, vão atingir os níveis de 2019.
“Um ano de retoma muito vigorosa
No que diz respeito a 2022, Cristina Siza Vieira, Vice-presidente executiva da AHP, destaca a «performance interessante no balanço total de 2022, um ano de retoma muito vigorosa». A responsável aponta para um aumento dos preços, na globalidade do território português, que são um «espelho do aumento da inflação e, também, da procura».
De acordo com o inquérito apresentado, a taxa de ocupação na hotelaria nacional fixou-se em 61% em 2022, a passo que o RevPAR atingiu os 73 euros. No que diz respeito aos mercados, 87% dos hoteleiros apontam Portugal como principal emissor, seguindo-se Espanha (46%) e o Reino Unido (37%). Cristina Siza Vieira destaca o peso do mercado americano, que vem a crescer nos últimos anos.
Aposta no mercado americano
A AHP prevê que o mercado americano continue entre os três principais mercados, em 2023, uma vez que 40% dos inquiridos assinala a preponderância que o mercado vem a registar. No ano transato, este foi o mercado que verificou o maior número de dormidas e hóspedes em Lisboa, ultrapassando o mercado espanhol, francês, brasileiro, inglês ou até mesmo o italiano. Cristina Siza Vieira salienta, assim, o «crescimento extraordinário sustentado» do mercado americano em 2022.
Inflação enquanto principal desafio para 2023
De acordo com o inquérito da AHP, 88% dos inquiridos aponta a inflação enquanto principal desafio para 2023. Os custos de de energia (73%), a instabilidade geopolítica (56%), o aumento das taxas de juro (37%) e os recursos humanos (11%) são outros fatores também assinalados pelos hoteleiros. A quantidade de trabalhadores na hotelaria continua a ser um desafio, porém «estamos a assistir a um abrandamento nesta questão de recursos humanos, já não é uma aflição tão grande quanto foi na recuperação no pós-pandemia».
Medidas para o alojamento local
A vice-presidente executiva da AHP reiterou que «não há efeito direto» na passagem de edifícios em AL para habitação. Cristina Siza Vieira considera fundamental «retirar desse regime o que deveria ser enquadrado na hotelaria». Neste sentido, a AHP vai preparar um conjunto de propostas para apresentar em sede de discussão pública, no âmbito do Programa Mais Habitação.