Entraram em vigor em janeiro as alterações à lei de concessão de Autorizações de Residência para Investimento, conhecidas como Vistos Gold, que excluem a habitação das zonas urbanas e do litoral, como Lisboa ou Porto. A Athena Advisers já nota aumentos da procura por imóveis comerciais nestas zonas, que não estão abrangidos pela proibição, e por habitação em regiões de baixa densidade.
Desde o último trimestre do ano passado que a consultora já registou uma subida de cerca de 20% na procura por imóveis comerciais em Lisboa e no Porto, nomeadamente lojas e escritórios, com tickets médios de investimento entre os 500.000 e os 750.000 euros. Os investidores procuram ocupantes de referência, bons retornos e contratos de arrendamento de longa duração, entre os 5 e os 20 anos, com destaque para o interesse dos americanos, brasileiros, chilenos ou sul-africanos.
A Athena registou também um aumento de 25% na procura por imóveis situados noutras zonas elegíveis do país, como a Costa Vicentina, Melidas, Comporta ou as Ilhas, nomeadamente habitação em regiões que crescem enquanto destino turístico. Produtos que tenham associados serviços de gestão de arrendamentos feitos por empresas com experiência e credibilidade são «os mais apetecíveis para este tipo de investidores», segundo a consultora.
David Moura-George, diretor geral da Athena Advisers em Portugal, destaca que «a mensagem que se está a passar para o mercado é que o programa Golden Visa acabou, mas em boa verdade ele apenas foi alterado, está simplesmente a evoluir. Enquanto destino cada vez mais procurado para a compra de imobiliário, Portugal continuará a captar investimento estrangeiro e continuará a ter boas oportunidades para oferecer em áreas cada vez mais diversificadas».
O responsável prevê que «os negócios chave-na-mão de pequena dimensão no setor comercial vão ganhar dinamismo, ao passo que regiões que até agora não eram valorizadas vão passar a sê-lo. A pandemia e o teletrabalho abriram caminho à descentralização, fixando pessoas em áreas que irão beneficiar de um progressivo desenvolvimento, desde que seja feito numa perspetiva de longo prazo e preservando a identidade das regiões». Mas ressalva que «existe uma grave carência de produtos imobiliários tradicionais disponíveis no interior e nas Ilhas, e esperamos que isso seja corrigido ainda este ano».
Por outro lado, também a constituição de fundos de private equity está a ganhar novo dinamismo enquanto forma de atribuição de ARIs, já que permitem continuar a requerer o visto através da aquisição de imóveis residenciais em zonas com restrições, como Lisboa e Porto, embora o montante mínimo de investimento tenha subido de 350.000 para 500.000 no início de 2022.
Moura-George destaca que «houve um grande foco na garantia de investimentos em fundos antes de o valor mínimo ter aumentado no final de 2021 e a procura ter caído no início deste ano. O que estamos a assistir agora é que além dos investidores que estão dispostos a cumprir o novo mínimo de investimento de 500.000 euros, há outros que compram segundas casas, adicionando um investimento 500.000 euros ao fundo, numa altura em que os imóveis residenciais em Lisboa já não são elegíveis para o programa».
O responsável conclui que «é essencial que continuemos a ter soluções e boas oportunidades para um programa que, em menos de uma década, atraiu para o nosso país cerca de 5,6 mil milhões de investimento, só na compra de imóveis».