O setor imobiliário prepara-se para o MIPIM 2023, que regressa a Cannes de 14 a 17 de março. A região de Lisboa volta a marcar presença no evento, uma das mais importantes feiras de cidades e imobiliário do mundo, num stand conjunto dinamizado pela InvestLisboa, que já levou mais de 200 parceiros a certames do género nos últimos anos.
Diogo Ivo Cruz, diretor da InvestLisboa, participava esta quinta-feira no Meet Up Lisboa, evento de antecipação do MIPIM dinamizado pela Iberian Property, destacando esta «oportunidade de alargar o networking ao mais alto nível com a presença de vários decisores políticos, decisores imobiliários internacionais e investidores de topo», e de «valorizar a marca Lisboa e a própria região».
Ainda sem o número final, Diogo Ivo Cruz avançou que o stand de Lisboa este ano terá «entre 4 a 5 municípios», incluindo a Câmara Municipal de Lisboa e alguns que participarão pela primeira vez, num esforço conjunto de promoção de toda a região de Lisboa. Vai acolher também várias empresas privadas parceiras que queiram alinhar.
Em 2023, o stand da região ficará situado no mesmo local, junto ao principal ponto de acesso, uma localização que considera «privilegiada». O stand será desenhado pela Contacto Atlântico.
“É no MIPIM que o capital vos encontra”. E atrair capital “é crítico”
Albert Castro, representante do MIPIM, salientou a importância da participação das empresas imobiliárias no evento, já que «é no MIPIM que o capital vos encontra». O MIPIM recebe mais de 20.000 pessoas, mais de 50% das quais consideradas decision makers, mais de 2.000 empresas de investimento e financiamento imobiliário, e pessoas oriundas de mais de 80 países. «No MIPIM, as pessoas e as cidades podem apresentar a sua identidade».
Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII, destacou na sua apresentação que «todos [imobiliário] precisamos de atrair esse capital, já que o imobiliário vive com muito investimento internacional, e Portugal não abunda em capital, temos de ir busca-lo lá fora. E para as cidades também é importante atrair empresas e investidores, é no MIPIM que está esse capital». Acredita que a feira é «o ponto de encontro de excelência do mercado de investimento internacional», e que «quem está no MIPIM, está no mundo imobiliário».
Para o dirigente associativo, a «força conjunta» de participação das autarquias e das empresas num mesmo stand «foi o grande sucesso das edições anteriores, e especialmente no ano passado. Um esforço conjunto entre privados e Câmaras Municipais é importantíssimo no contacto com os investidores internacionais, o empenho das autarquias dá conforto aos investidores, e quando as câmaras levam os seus territórios a estes eventos internacionais, é importante que levem também as suas empresas e a sua economia».
E porque o MIPIM não são só 3 dias, há que preparar a presença para tirar o máximo partido dessa jornada. Albert Castro recomenda o acesso à base de dados do evento, que fornece mais informação sobre os participantes e a sua área de atividade, entre outras informações. «Definam-se, e definam o vosso target», apela.
Competitividade, empregabilidade ou conhecimento: motores para o crescimento de Lisboa
No âmbito de uma estratégia económica «das pessoas e para as pessoas», Lisboa vai ao MIPIM com as suas prioridades económicas bem definidas. Segundo Diogo Moura, vereador da Economia da Câmara Municipal de Lisboa, são motores para o crescimento a competitividade global, a empregabilidade, a criação de clusters estratégicos, o conhecimento ou a Scale-up City. Na visão da autarquia, Lisboa deve lutar por ser global, inovadora, inteligente, sustentável: «queremos que se afirme como uma das principais capitais mundiais. E a transformação e afirmação da cidade são feitas em conjunto com todos os stakeholders da cidade».
Entre os principais projetos-âncora desta estratégia estão a afirmação do Hub Criativo do Beato como polo inovador à escala europeia para instalação de empreendedores, indústrias criativas e empresas multinacionais, através da mentoria e de scaling, uma “fábrica de unicórnios” que já tem 34 parceiros mentores destes programas e 28 venture capitals.
Outro dos projetos em destaque é o Hub Azul, um polo de empresas e um Shared Ocean Lab que vai surgir na doca de Pedrouços, ligado aos temas da economia do mar, e que promete criar «um novo polo de centralidade». Na vertente cultural, a renovação do Parque Mayer, para a qual já está a ser elaborado um concurso de concessão, tem como objetivo a sua devolução à cidade, com uma vertente de habitação e comércio, «tendo sempre na sua base a componente cultural».
Diogo Moura conclui que «esta nossa missão de criar uma cidade sustentável, criativa e inovadora, mantendo esta sua reputação à escala global, só vai resultar se nos juntarmos todos, chamando as forças vivas da cidade, as empresas e os investidores. É uma cidade do futuro. Estes objetivos só podem ser cumpridos objetivos se todos formos parte desta solução».
Criação e consolidação de novas centralidades estão entre os focos do Urbanismo
Joana Almeida, vereadora do Urbanismo da CML, reitera que «estamos a trabalhar com toda a nossa energia para levar informação muito interessante ao MIPIM», e atesta que «continuamos a ter muitos investidores interessados em investir na cidade de Lisboa». Reafirmou que «é nosso objetivo estratégico promover uma política de urbanismo equilibrada e de proximidade à escala do bairro», assegurando «o equilíbrio entre as diferentes funções e vivências urbanas da cidade, a reabilitação e valorização da cidade antiga, implementar uma estratégia de consolidação da cidade, envolvendo a sociedade na reflexão e construção de políticas de cidade».
Fazendo um breve ponto de situação do urbanismo de Lisboa, depois de pouco mais de um ano de mandato, recordou a criação do programa “Há vida no Meu Bairro”, o desenvolvimento de várias operações de reabilitação urbana sistemática nas ARUs da cidade, ou o trabalho de consolidação dos mais de 1.000 hectares que o PDM identifica como “áreas a consolidar”. «Já temos 55 hectares com unidades de execução aprovadas, e estamos a trabalhar noutros 104 hectares atualmente em desenvolvimento».
Além disso, novas centralidades estão a ser trabalhadas no Urbanismo da CML, nomeadamente no Beato/Marvila, Chelas, Vale de Santo António, Entrecampos, Praça de Espanha/Sete Rios/Campolide, Alta de Lisboa, Alcântara ou Pedrouços.
Ao nível do licenciamento, a CML já decide mais processos do que aqueles que entram na autarquia, e reafirma o seu compromisso de «celeridade, clareza, comunicação e transparência». Foi criada a Comissão de Concertação Municipal do Urbanismo, o programa “As Minhas Obras”, ou a figura do Gestor de Projeto, e a autarquia está também a trabalhar na clarificação de normas do PDM, do RGEU ou do RMUEL. A vereadora conclui: «contamos convosco neste trabalho de melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento da cidade».
Mapa interativo GEO-IP vai captar as atenções no stand
O stand de Lisboa terá novamente disponível a nova plataforma georreferenciada focada na promoção da região de Lisboa e nas suas oportunidades de investimento - a GEO-IP – Lisbon Geo-Investment Platform, criada pela tecnológica Evolutio, em parceria com a Confidencial Imobiliário.
Trata-se de um mapa interativo da cidade, com várias camadas de informação, incluindo índices de preços de mercado da Confidencial Imobiliário ou notícias, visão de infraestruturas, mobilidade, licenciamentos, entre outros, pensada para ser uma experiência interativa de captação de atenção. David Vaz, da Evolutio, explica que «a ideia passa por apresentar a cidade e os seus ativos de forma dinâmica, interativa e credível», num evento intenso em que «é necessário captar eficazmente a atenção das pessoas, este será o ponto de partida para as conversas posteriores».