SIGI são instrumento útil para angariar investidores para o imobiliário

As Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária, mais conhecidas como SIGI, e equivalentes às SOCIMIs espanholas, são um instrumento financeiro importante para angariar mais investidores para o mercado imobiliário, e que «pode ser útil a uma grande diversidade de setores na economia portuguesa».Em entrevista à Vida Imobiliária, Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon, salienta que as SIGI «têm como objetivo gerir património imobiliário arrendado. São um instrumento útil, porque permite separar a gestão do imobiliário da gestão da operação do negócio propriamente dito, evitando uma grande abertura de capital, por exemplo», explica.Uma das principais vantagens é o regime de tributação fiscal. «Estas sociedades têm um regime jurídico internacionalmente conhecido e um regime fiscal bastante favorável de Transparência Fiscal, segundo o qual o rendimento só é tributado quando é recebido pelo investidor, e não através do imposto das empresas».Por outro lado, abrem oportunidades «a todo o tipo de investidores» que não precisam, assim, de investir na compra de um imóvel, o que pode atrair mais capital para o setor imobiliário. «Pode servir para financiar, por exemplo, uma rede de hotéis, de hospitais, ou de residências para estudantes. Muitos setores podem beneficiar deste instrumento, e temos de fazer um esforço de divulgação maior, nomeadamente num contexto em que muitas empresas vão precisar de mais financiamento», num contexto de retoma depois da pandemia.No âmbito deste regime, está já listada a Ores SIGI, do grupo Sonae, que investe na área do retalho. Por outro lado, estão duas SOCIMIs na Euronext Lisbon, uma delas a Merlin Properties, uma das maiores SOCIMIs listadas em Espanha.“Green Bonds”, um novo instrumento de financiamento à atividade imobiliáriaAs obrigações sustentáveis, ou as “green bonds” são um exemplo de instrumento de financiamento à atividade da promoção e investimento imobiliário. Têm tido um crescimento exponencial nos últimos anos, segundo Isabel Ucha, e «há uma procura significativa e crescente por parte dos investidores».A CEO da Euronext explica que «estas obrigações aplicam os fundos em projetos com impacto positivo na vertente ambiental, social ou “governance”, são projetos com esse objetivo, ou empresas com grande compromisso com a sustentabilidade, que podem também emitir essas obrigações». Exemplo disso são projetos em energias renováveis, mobilidade elétrica, limpeza de resíduos, projetos sociais, ou criação de habitação a custos controlados. Estes investimentos de médio/longo ou muito longo prazo têm também de ter uma certificação externa que atesta que os fundos estão a ser aplicados segundo o compromisso existente e que os objetivos estão a ser atingidos.Várias empresas portuguesas já emitiram estas obrigações, como a EDP, a Bioeléctrica do Mondego, o Grupo Pestana ou a Corticeira Amorim, entre outras. «Temos a perceção de que há várias outras empresas a olhar para este instrumento com bastante interesse», diz Isabel Ucha, que atesta que, neste momento, «o total de obrigações já ultrapassou os 10% do total de obrigações existentes na Europa», o que comprova o interesse nestas obrigações, com taxas de financiamento «comprovadamente mais baixas».E completa que «no setor imobiliário há todo um contexto e programa relacionado com a construção sustentável, por exemplo. O mercado de capitais pode funcionar como uma forma de financiamento complementar ao público que possa existir».Segmentos adaptados aos vários tipos de empresasIsabel Ucha destaca que existem vários mercados que permitem a cotação de todo o tipo de veículos, desde veículos grandes cotados em primeiro mercado como mercados regulados de menor dimensão, que permitem listar veículos mais pequenos e com acesso aos instrumentos de eficiência fiscal das SIGI, nomeadamente através da Euronext.A Euronext permite o investimento em todos os segmentos deste género com standards internacionais. Além das “green bonds”, incluem-se as “blue bonds”, ligadas a projetos de água e oceanos.Por outro lado, a infraestrutura da Euronext tem segmentos adaptados aos vários tipos de empresas, como o mercado regulamentado, o Euronext Growth (para empresas em crescimento), ou o Euronext Acess (sem restrições de free float ou admissão mínima), através dos quais as SIGIs podem entrar no mercado.Isabel Ucha garante que «os mercados estão extremamente ativos, com uma expetativa de recuperação económica próxima, e mostram confiança. Há muita liquidez, taxas de juro muito baixas, e isso incentiva os investidores a procurar mais rendimento potencial, e as obrigações são um instrumento que procuram», conclui.

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