Provando a sua resiliência, os setores chamados “alternativos” dominam no ranking das classes de produtos mais interessantes para investir em 2020. Escritórios, centros comerciais ou hotelaria não integram o “top 10” desta lista.
Esta é uma das marcas do estudo “Emerging Trends in Real Estate Europe 2022 – Road to Recovery”, elaborado pela PwC e pelo Urban Land Institute, conhecido esta semana. Este estudo é baseado em centenas de questionários e entrevistas efetuados a 844 especialistas do setor do investimento imobiliário, incluindo investidores, gestores de fundos, promotores, financiadores e consultores. Mostra que os investidores imobiliários se mantêm atentos e interessados no mercado europeu.
Esta lista é liderada pelas infraestruturas de energia, ciências da vida, logística, data centres, saúde, residências sénior/assistidas, industrial/armazéns, habitação acessível, self-storage e arrendamento, a fechar o top 10. Os escritórios flexíveis/coworking estão em 17º lugar, seguidos pelo lazer em 18º e pelos escritórios centrais em 19º. A hotelaria está em 22º lugar, o comércio de rua em 25º e os centros comerciais em último, em 27º. Destaque ainda para o facto de que, entre os 27 segmentos analisados, 9 são residenciais.
O estudo destaca que «a pandemia reforçou a tendência de longo prazo de os investidores procurarem retornos resilientes em setores que beneficiam dos “drivers” demográficos, nomeadamente o residencial e as ciências da vida». Alguns inquiridos dão o exemplo de fundos institucionais que diversificam cada vez mais o seu portfólio, procurando «cada vez mais os setores definidos geralmente por alternativos».
Entre o final de março ao final de setembro deste ano, os escritórios continuaram a ser o principal destino do investimento na Europa, com 38% dos negócios e 27% do volume de capital investido (255 biliões de euros), segundo a RCA. Mas esta é uma descida dos 49% de 2019. Por outro lado, as transações de habitação subiram de uma quota de 16% dos negócios em 2019 para 24% e o industrial de 13% para 21%.
A falta de produto parece ser o principal obstáculo ao investimento nestas classes de ativos, nomeadamente ciências da vida, data centres ou infraestruturas de energia. Esta “raridade” de oportunidades está a pressionar os preços em alta, enquanto este tipo de investimento ganha popularidade.
O estudo deixa ainda a nota de que «estes setores estão ainda longe de serem universalmente aceites entre os fundos de pensões e seguradoras, que durante anos estiveram confortáveis a comprar escritórios, retalho e industrial, e pouco mais».