Está fechada a aquisição da empresa portuguesa de residências de estudantes e coliving Smart Studios pela Round Hill Capital, aquela que é a maior operação de investimento residencial (PBSA e coliving) do ano até ao momento.
A Round Hill Capital confirmou esta quarta-feira o fecho da operação por um valor de 200 milhões de euros, que contempla mais de 2.000 camas distribuídas por 9 projetos nas zonas de Lisboa e Porto, numa área total de 53.000 metros quadrados. Cinco dos projetos já estarão operacionais em 2022, e os restantes serão entregues até 2025.
Segundo a Round Hill Capital, «o plano estratégico para estes ativos terá o ESG como um dos seus principais focos, com o objetivo de melhorar o consumo de energia e o bem-estar social dos inquilinos».
A Round Hill Capital salienta em comunicado o «número significativo de estudantes internacionais» que Portugal atrai, «devido à qualidade da oferta educativa, a que se associam propinas competitivas e a qualidade de vida disponível para jovens profissionais, nomeadamente em cidades como Lisboa e Porto». Paralelamente, «a crescente comunidade de estudantes revelou um forte desequilíbrio entre a oferta e a procura neste segmento, onde as soluções de alojamento disponíveis ainda são em grande parte não institucionais e sem condições modernas e adequadas. Este novo investimento destina-se a melhorar tanto a disponibilidade como a qualidade do alojamento dos estudantes para responder a esta procura crescente».
Os ativos em questão contribuem para a criação de um portfólio ibérico global de mais de 5.000 camas da Round Hill European Student Accomodation, joint venture criada entre a CPP Investments e a Round Hill Capital. João Pita, Head of Portugal da Round Hill Capital, comenta em comunicado que «este investimento marca a expansão da joint-venture RHESA em Portugal, consolidando a nossa presença no Sul da Europa com a aquisição de mais de 2.000 camas».
Segundo o responsável, «o mercado imobiliário português continua a apresentar oportunidades de investimento atrativas e a aquisição da Smart Studios representa uma das nossas principais transações este ano, reforçando assim as nossas ambições no país e no segmento. A aquisição proporcionará instalações de alta qualidade a preços acessíveis para atender às necessidades dos nossos inquilinos, oferecendo um vasto leque de soluções num mercado ainda subdimensionado».
Fundada em 2015 por Ricardo Kendall, a Smart Studios é um dos maiores promotores e operadores portugueses de alojamento coliving, focado no mercado dos estudantes e jovens profissionais. Em 2018, estabeleceu uma parceria com a investidora LX Partners para dar seguimento ao seu processo de expansão.
Ricardo Kendall afirma: «estamos muito satisfeitos por termos alcançado um resultado tão bom no processo de venda. Acreditamos ter deixado a Smart Studios em excelentes mãos, com prestigiadas empresas de classe mundial que estão empenhadas no setor, que pretendem aumentar a oferta e melhorar a qualidade do alojamento para estudantes com pelo menos mais 1.100 camas que ficarão concluídas ao longo dos próximos 3 anos».
Este negócio contou com o aconselhamento da PBBR, JLL e Deloitte do lado dos compradores, e da CBRE, Savills, Arcadis e Morais Leitao do lado dos vendedores.
Igor Borrego, Diretor da Capital Advisors na CBRE Portugal comenta em comunicado: «estamos muito satisfeitos com este resultado. Foi provavelmente um dos negócios mais desafiantes em que a equipa esteve envolvida. Empenhámos todos os esforços e experiência por forma a prestarmos a todas as partes um forte apoio do princípio ao fim».
O responsável explica que esta «foi uma transação de M&A particularmente complexa, envolvendo não só os ativos existentes e a plataforma operacional da Smart Studios, mas também os ativos em construção e os que serão entregues nos próximos anos. Tudo isto no contexto de uma pandemia, inflação e aumento das taxas de juro decorrentes do ambiente macroeconómico. No entanto, o desempenho da empresa com quase 100% de taxa de ocupação, uma equipa de alta qualidade e uma combinação sem paralelo de ativos, juntamente com fortes fundamentais de mercado, ajudaram-nos a provar que o sector PBSA pode ser muito resiliente mesmo no contexto mais adverso».