O mercado das residências de estudantes ainda tem muito espaço para crescer em Portugal, num contexto de oferta datada ou desadequada, ou de falta dela. Lisboa e Porto são os principais centros de estruturas residenciais para estudantes.
O mais recente estudo da Savills identifica que só no ano letivo 2020/2021, Portugal registou um total de 412.000 estudantes matriculados em instituições de Ensino Superior, dos quais 14% eram estrangeiros. Mesmo com a rápida expansão de novos projetos em Lisboa e Porto, parte significativa do mercado está coberta por oferta informal, fornecida pelo mercado de arrendamento tradicional.
No seu conjunto, as duas cidades têm 126 residências de Estudantes, cerca de 10.000 camas, de operadores privados e públicos. 38% dessa oferta é providenciada e gerida por instituições públicas de Ensino Superior, e os privados representam 6.000 camas, com destaque para a Milestone, Smart Studios, Livensa, LIV Student ou Xior. Até 2024, esta oferta estudantil deverá ser reforçada em mais 8.000 camas, que fazem parte de 4 novos projetos privados, segundo a Savills.
Neste tipo de oferta, em Lisboa, o preço de um quarto pode variar entre os 400 e os 1.100 euros por mês, valores que oscilam entre os 380 e os 1.000 euros no Porto. Destacam-se os que forem mais próximos das instituições de ensino, de transportes públicos ou que tenham casa de banho privativa, além de uma maior incorporação de medidas de sustentabilidade.
Portugal continua, assim, a ter grande potencial de crescimento neste mercado, no qual foram investidos cerca de 5.800 milhões de euros entre janeiro e setembro de 2021 em toda a Europa. O potencial estende-se também a Coimbra, Braga, Aveiro, Évora ou Covilhã.
A Savills prevê que o volume de investimento neste mercado continue a crescer no nosso país, apesar da pandemia, considerando os «mais de 200 milhões de euros que estão atualmente em pipeline» de transações que podem ser fechadas ainda este ano.
Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da Savills Portugal, explica que «o mercado de residências de estudantes em Portugal ainda é emergente quando equiparado com as principais capitais europeias. Não obstante às áreas metropolitanas de Lisboa e Porto que já manifestam alguma maturidade, o potencial de expansão ainda está inerente com o aumento gradual de estudantes que se verifica ao longo dos anos». E acrescenta que «para além do aumento de estudantes, um outro fator que tem ditado uma mudança de paradigma no mercado de alojamento estudantil, é o aumento da qualidade da oferta».
Por seu turno, Horacio Blum, Operational Capital Markets Associate Director, da Savills Portugal, destaca «um grande interesse por parte de investidores europeus para entrar no mercado português, devido aos robustos fundamentals de procura e taxas de cobertura relativamente baixas, comparativamente a outras cidades europeias. Os resultados positivos de operadores existentes, além do interesse em recentes transações de investimento, são prova disso mesmo».