O investimento imobiliário comercial atingiu 1,23 mil milhões de euros no final do primeiro semestre, um crescimento de 90% face ao período homólogo, registando assim o melhor arranque desde 2020. A conclusão é da Dils no seu mais recente relatório Dils Recap.
O capital estrangeiro manteve-se dominante, correspondendo a mais de 90% do total investido, com destaque para as estratégias core e value-add, que concentraram mais de 70% do volume transacionado. Os setores do retalho e hotelaria tiveram um peso significativo, com quase 50% e 25% do investimento, respetivamente.
Segundo a consultora, o setor residencial continua a sofrer com um desequilíbrio significativo entre a oferta e a procura, o que mantém a pressão sobre os preços em todas as geografias. No segmento de escritórios, apesar da queda de 34% na ocupação em Lisboa, as rendas continuam a subir, refletindo a procura crescente por imóveis de maior qualidade.
O mercado industrial e logístico mantém-se sólido, apesar da redução na absorção, devido à escassez de oferta contrabalançada pela valorização da qualidade dos ativos. Já o retalho beneficia do aumento do consumo e do turismo, enquanto a hotelaria reforça a recuperação com a inauguração de 12 novos hotéis.
Procura no mercado residencial supera oferta em todas as regiões
A procura no mercado residencial continua a superar a oferta em todas as regiões, mantendo a pressão sobre os preços. Em Lisboa, este desequilíbrio traduz-se na venda de 14 fogos por cada unidade que entra no mercado. Entre 2020 e 2024, os preços registaram um crescimento médio anual de 5%, tendência que prossegue em 2025, impulsionada sobretudo pela valorização do stock de imóveis usados. Nos novos empreendimentos, a procura mantém-se dinâmica. No Porto, a procura mantém-se resiliente, especialmente entre os compradores nacionais, refletindo uma subida contínua dos preços médios.
Escritórios: procura crescente por ativos de maior qualidade
No mercado de escritórios, Lisboa registou uma ocupação de 83.835 m², menos 34% face ao período homólogo, mas com um pipeline de cerca de 188.000 m², 67% dos quais já pré-arrendados. As rendas prime subiram para 30€/m²/mês, refletindo a qualidade dos novos ativos e a disposição dos ocupantes em garantir espaços que favoreçam a atração e retenção de talento.
Industrial & Logística: queda na absorção face a 2024
No primeiro semestre de 2025, a ocupação do mercado industrial e logístico totalizou 206.000 m², uma queda de 50% face ao período homólogo. Em particular, o segmento logístico registou 176.000 m² absorvidos, correspondendo a uma redução de 20%.
Em Lisboa, o mercado registou uma absorção de 121.000 m², em linha com os valores dos últimos quatro anos, apesar da queda de 25% face a 2024. No Grande Porto, a absorção atingiu 32.600 m², um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, com mais de metade da área absorvida concentrada na zona do Porto de Leixões/Aeroporto.
Crescimento de 4% das vendas a retalho
O setor do retalho continua a beneficiar do aumento do consumo e do turismo, apesar da oferta limitada em localizações privilegiadas. Apesar do crescimento de cerca de 4% das vendas a retalho, persistem constrangimentos que dificultam a expansão de marcas internacionais no mercado.
A taxa de desocupação em Lisboa situa-se nos 12%, com as rendas prime no Chiado a manterem-se estáveis em 140€/m²/mês. No Porto, a taxa de desocupação atinge os 16%, enquanto as rendas prime se mantêm nos 85€/m²/mês.
Inauguração de 12 novos hotéis
No primeiro semestre de 2025, foram inaugurados 12 hotéis, que acrescentaram cerca de 1.000 quartos ao stock existente, com mais 4.500 quartos previstos até ao final do ano. Nos últimos 12 meses até maio de 2025, Portugal registou 81 milhões de dormidas, o que representa um crescimento de 3%, e 32 milhões de hóspedes, refletindo um aumento de 5% face ao período homólogo. Os principais mercados emissores continuam a ser o Reino Unido e a Alemanha, com um crescimento significativo de turistas americanos, que aumentaram 8%.