Portugal tem posição estratégica para atrair mais investimento em Data Centers

A procura por Data Centers está em níveis recorde depois da pandemia, e os mercados considerados secundários vão concentrar o maior crescimento desta oferta em 2021, segundo a Savills. De acordo com a consultora, os maiores mercados de Data Centers são, atualmente, Frankfurt, Londres, Amesterdão, ou Paris, mas os mercados secundários estão a crescer, como Espanha, Portugal, Itália, Polónia ou Suíça. E a procura deverá continuar nos próximos anos. Portugal responde aos critérios necessários para instalar Data Centers, um mercado que precisa de escala, de flexibilidade e eficiência, além da possibilidade de expansão, conectividade e segurança. O nosso país é atrativo devido à cobertura e rapidez da internet, à segurança do país, às boas relações diplomáticas, tem boas ligações de fibra ótica, e é um dos maiores produtores de energia solar. Mas, para já, tem Data Centers obsoletos e poucos operadores. A maior parte dos 8 ativos existentes são ocupados pelos seus proprietários. Estão 4 projetos em pipeline, nomeadamente um da Davidson Kempner de 90 MW em Sines, um da Merlin Properties de 20 MW na Azambuja, outro no Porto de Leixões, e ainda outro da FCT, em Guimarães.Segundo Scott Newcombe, Head of EMEA Data Centers da Savills, que falava num webinar da consultora sobre o tema, estão entre os desafios deste mercado a disponibilidade de eletricidade, a “speed to market” e as necessidades de densidade de energia, além da proximidade de cabos submarinos. Portugal até tem novas ligações de cabos submarinos, o que é «muito interessante para as empresas de cloud, gaming ou streaming», segundo o responsável.Ligação a África é um dos pontos atrativos No debate moderado pela Savills sobre o tema, André Rodrigues, da Cisco, considerou que Portugal está bem posicionado no mercado dos Data Centers, mas que «poderia estar melhor. Temos o talento, as infraestruturas e a conectividade para gerir os ativos, e só podemos beneficiar desta procura. Estamos num bom momento para continuar a trazer Data Centers para Portugal». Destaca que «temos uma grande oportunidade para chegar ao mercado africano, um mercado que está a crescer». Paulo Teles, da Colt, concorda que o país tem as condições necessárias, e acredita que «o exemplo de Sines pode ser replicado noutras zonas do país. Podemos trazer mais cabos submarinos para Portugal e construir mais Data Centers». Alberto Passos, da IP Telecom, não tem dúvidas de que «estamos numa ótima posição para estabelecer ligações com África e a América do Sul», lembrando que «com os cabos submarinos, muitas vezes, vêm os Data Centers. Portugal está muito bem posicionado para ter estas novas ligações, e pode ser a porta para estes continentes. São regiões que precisarão de muitos Data Centers, e esperamos que muitos deles se venham a situar em Portugal». Por seu turno, João Fonseca, da Lusorede, destacou como pontos a favor da geografia portuguesa o clima moderado, nomeadamente a nível energético: «temos condições para ter um data center que aproveita as noites frescas para as tecnologias de arrefecimento». Por outro lado, «o custo dos terrenos não é tão elevado como noutros países, e temos risco baixo de desastres naturais, além de boas acessibilidades. Temos uma posição geográfica estratégica», conclui.

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