Portugal deve promover-se mais para atrair investimento em data centers

Portugal deve continuar a promover-se junto dos players internacionais para captar mais investimento em data centers, tirando partido das suas vantagens competitivas num mercado em franco crescimento. Este foi o tema da mais recente Executive Breakfast Session que a APPII realizou em Lisboa. O nosso país apresenta hoje um posicionamento estratégico para captar uma parte significativa do forte investimento em data centers que se está a registar na Europa. Tem vários atrativos, como oferta de terrenos, custos ocupacionais competitivos, uma robusta rede de fibra ótica e uma localização geográfica estratégica entre a Europa, África e América. E, embora ainda esteja numa fase inicial no setor de data centers, a capacidade de pipeline está a expandir-se rapidamente, com projetos como o Start Campus em Sines, com 1,2 GW de capacidade prevista alimentada por energia renovável. Segundo os especialistas, Porto e Lisboa integram o top 30 mundial de localizações para instalação de novos data centers, de acordo com o relatório "Impacts" da Savills, que analisou 68 cidades em todo o mundo para avaliar quais apresentam melhores condições em termos de energia para a instalação de data centers. Francisco Porras, Data Centers Business Unit, da Merlin Properties, foi o convidado deste pequeno-almoço executivo, que se realizou a 18 de março, e partilhou com os promotores e investidores imobiliários a sua visão e experiência sobre o setor dos data centers na Península Ibérica. Segundo o responsável, a Merlin Properties está a apostar neste tipo de ativos, e quer aumentar significativamente a capacidade instalada, passando dos 60MW numa fase inicial, para 200 MW numa segunda fase, e identifica um pipeline futuro de 380MW. Vila Franca de Xira faz parte deste investimento, onde está já a desenvolver um data center com 100MW, que será aumentado em duas fases em 80MW e 120MW. Já em operação estão data centers em Bilbau, Barcelona e Madrid (Getafe). Francisco Porras reforçou a posição estratégica da Ibéria e lembrou que «é preciso muita coisa para fazer data centers», como espaço, energia, água, mão-de-obra, e boas ligações a cabos submarinos, «uma peça importante da infraestrutura digital». A Península Ibérica tem 4 destas landing stations, com ligações à América do Norte em Santander ou Bilbau, e à América do Sul a partir de Portugal. Entre o Norte de Espanha e Barcelona existe a ligação mais importante que dá acesso ao Médio Oriente. «É uma posição muito boa que nos liga aos 4 continentes», numa altura em que 70% do tráfego de dados entre os Estados Unidos e a Europa passam por Espanha, e a Inteligência Artificial promete exigir ainda mais capacidade instalada nos próximos anos. Para fazer data centers também são necessárias localizações onde não se compita diretamente com a energia ou água utilizadas pela população, como acontece em Madrid, onde «há problemas de potência, de grande subida de preços, falta de terrenos ou má reputação» dos data centers. Além das ligações ou do espaço disponível, Portugal também tem energia renovável relativamente barata para este efeito (apesar de a tarifa para o consumidor não ser exatamente assim), e mão-de-obra qualificada, com facilidade em falar inglês, algo particularmente importante para os investidores americanos. Francisco Porras enfatizou ainda que Portugal e Espanha têm boas condições para atrair este investimento, mas «temos de trabalhar» na promoção do destino e «apresentar este “pitch”. Em Espanha, trabalhamos todos os dias, não é um dado adquirido. Concorremos muito com os países nórdicos, mas podemos atrair investimentos fortes e prestar os nossos serviços a outros países a partir daqui».

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