Norte-americanos representaram 67% do investimento imobiliário comercial

A conferência “Turismo & Imobiliário no âmbito das relações Portugal / EUA”, organizada pelo Pestana Hotel Group e Câmara de Comércio Americana em Portugal (AmCham), centrou-se no tema das ligações dos norte-americanos a Portugal.Ao abrir a conferência, António Martins da Costa, Presidente da AmCham, apontou ao forte crescimento do turismo norte-americano: «os turistas norte-americanos foram os que mais cresceram em 2022, face a 2019» e foi «a origem de turistas que mais cresceu».Num debate moderado por José Roquette, Board Member & Chief Development Officer do PHG, o responsável afirmou que o mercado norte-americano «ainda não mostrou um terço do que pode vir a ser» e que um «parceiro como os EUA vai trazer muitas soluções ao país».Patrícia Barão, Diretora do Departamento Residencial da JLL Portugal, atentou para o recorde de investimento alcançado em 2022: «no ano transato, o investimento americano foi de 1150 milhões de euros, representando 33,7% do total investido em Portugal no imobiliário comercial». Destacou o portfólio Crow, que representou 850 milhões de euros, e fundos como Blackstone, que investiram no total 300 milhões de euros em portfólio industrial e de logística.No que toca ao primeiro trimestre de 2023, Patrícia Barão revela que os norte-americanos representaram 67% do investimento imobiliário comercial em Portugal, um aumento exponencial face à quota de 6% em 2016.Relativamente ao segmento do imobiliário residencial, das 170 mil transações no ano passado, apenas 6% foram responsabilidade do mercado internacional, conforme os números apresentados pela responsável. Os EUA representam 15% desta quota internacional, a passo que em 2016 eram apenas 2%.“Estamos no radar dos americanos”A Diretora do Departamento Residencial da JLL Portugal não tem dúvidas de que «estamos, de facto, no radar dos americanos», apesar da burocracia vigente e da morosidade aprovação de novos projetos. Portugal tem «hospitalidade, segurança, clima e preços abaixo dos praticados nos EUA», acrescenta. Os Estados Unidos «já são a nacionalidade que mais investe em imobiliário comercial em Portugal», frisa.Atendendo ao ponto da burocracia, John Calvão, Managing Principal, Co-Head of Fund Arrow, reiterou que «somos muito, muito, muito burocráticos. Mudamos de opinião a todo o tempo, há alterações fiscais de ano para ano. Os investimentos feitos a 5, 10, 20 anos, como desenvolvimento imobiliário ou hotéis, não podem dar-se ao luxo da inconsistência das leis».Impacto do fim do programa dos Vistos GoldNa perspetiva de um investidor lusoamericano, o norte-americano «não vem viver para Portugal por conta de razões financeiras», uma vez que «continuam a pagar impostos nos Estados Unidos onde quer que estejam». Neste sentido, o fim do programa dos Vistos Gold «não é um impasse decisivo para o investimento o norte-americano futuro», por outro lado, John Calvão salienta que é preciso «gerar mais confiança» para atrair os investidores norte-americanos.Dormidas de norte-americanos crescem para mais do dobro em janeiro e fevereiroLuís Araujo, presidente do Turismo de Portugal, esteve também presente no debate, onde revelou um crescimento de dormidas de norte-americanos em janeiro e fevereiro para «mais do dobro, comparado com os dois meses homólogos de 2019».O presidente do Turismo de Portugal salientou que a conectividade aérea é um fator importante: «face a 2016, os lugares disponíveis em ligações diretas são hoje o dobro (2 milhões). Isto faz dos EUA o maior mercado de long haul para Portugal». Entre os efeitos colaterais encontra-se o reforço no imobiliário e a exportação de vinhos, conta o presidente do Turismo de Portugal.Sofia Lufinha, Chief Strategy Officer da TAP, apontou um crescimento de 40% nas frequências de voos dos EUA para Portugal, face a 2019. Entre as cinco companhias com voos diretos dos EUA para Portugal, contam-se agora mais de 100 frequências semanais diretas. Comparando o primeiro trimestre de 2019 e o período homólogo de 2023, o número de passageiros mais que duplicou, e a receita triplicou, indicou Sofia Lufinha.Numa ótica de investimento, Luís Araujo considera que «temos de gerar ainda mais confiança. Os atributos que temos no país são importantes, mas temos de gerar esta confiança de que realmente é um bom local», salientando que «há muito interesse» por outras regiões, do Alentejo ao Douro. Já Sofia Lufinha enfatiza que os norte-americanos «têm muito poder de compra e estão mais disponíveis para pagar opções com mais atributos, serviços e flexibilidade».

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