O mais recente relatório trimestral da JLL, o Market Dynamics Q3, confirma a aceleração da atividade no mercado imobiliário português sentida no final do 1º semestre após um arranque de ano morno. De acordo com o relatório, os últimos meses impulsionaram o desempenho do mercado no acumulado do ano, com crescimento transversal a todos os mercados ocupacionais.
O principal destaque cabe aos setores de escritórios e logística, onde a absorção até setembro já supera a de todo o ano 2023. Neste período de nove meses foram ocupados 168.550 m² de escritórios em Lisboa e 55.350 m² no Porto, superando em 48% e 11%, respetivamente, a absorção do ano passado completo. No imobiliário industrial e logístico, a ocupação no acumulado de 2024 ascende a 513.400 m², superando em 18% a atividade do total de 2023.
O 3º trimestre sinaliza uma recuperação especialmente relevante para a habitação, que aumentou as vendas em cerca de 7% face ao trimestre anterior, confirmando, em definitivo, a retoma deste mercado após um 2023 bastante penalizado a nível de transações. Nos segmentos de retalho e hotelaria, o acumulado do ano regista um desempenho positivo a nível imobiliário, sustentado por indicadores operacionais que mantêm um crescimento sólido. No âmbito da hotelaria, continuaram a aumentar o número de hóspedes (+5%) e melhorou a taxa de ocupação, enquanto no retalho se assiste ao aumento do volume de vendas (+5%) e à melhoria da confiança dos consumidores.
No investimento em imobiliário comercial, a atividade atingiu 1.050 milhões de euros no acumulado de 2024. Este volume permanece abaixo do mesmo período de 2023, mas é de evidenciar a recuperação do gap face ao ano passado. Assim, no final de setembro, o montante transacionado em imobiliário comercial estava 10% abaixo do registado no período homólogo de 2023, quando no final de junho essa diferença era de -18%.
«O 2º trimestre já deu sinais de aceleração da atividade no mercado imobiliário e, mais importante, em alguns segmentos isso significou inverter um cenário anterior de queda ou estabilização. Contudo, os dados do 1º semestre como um todo, mostraram-nos que o bom desempenho do 2º trimestre não foi suficiente para compensar o comportamento pouco animado do arranque do ano», começa por comentar Carlos Cardoso, CEO da JLL Portugal.
Quanto aos restantes setores, as expetativas são para que continuem na rota de crescimento, superando o desempenho de 2023 e sustentando uma valorização, com aumento de preços, rendas, diárias e retornos nos diferentes tipos de imobiliário.
O responsável acrescenta que «o 3º trimestre veio corrigir esta situação e confirma, em definitivo, a trajetória de reativação do mercado imobiliário português. Este é um efeito claro, por um lado, da melhoria das condições macroeconómicas e, por outro lado, da estabilização política no país. A inflação está nos níveis pretendidos e a descida das taxas de juro só teve um impacto mais significativo nos últimos meses, afetando positivamente a confiança das famílias e das empresas, e, em termos práticos, a sua efetiva capacidade financeira. Em termos políticos, os níveis de incerteza reduziram bastante, com a entrada em funções de um novo executivo, a revogação de grande parte do pacote “Mais Habitação” e a implementação de novas medidas de estímulo ao mercado imobiliário, especialmente no segmento jovem, que é de mais difícil acesso à habitação».
Para o responsável pela JLL Portugal, «isto resulta numa maior confiança de promotores e investidores, o que são excelentes notícias na perspetiva de aumentar a produção de nova oferta. E também se traduz no regresso de procura ao mercado, com maior volume de transações em todos os setores», diz ainda Carlos Cardoso, adiantando que «esperamos que no final do ano o investimento possa regressar à casa dos 2.000 milhões de euros, ou, num cenário mais conservador, equiparar a 2023, quando ficou em 1.700 milhões de euros».