Com uma disponibilidade de escritórios na ordem dos 7%, Lisboa posiciona-se entre os mercados da Europa que registam maior competição por novos espaços. Para o biénio 2021-2022 é esperado um aumento superior a 150 mil m² de novos espaços em Lisboa e de 100 mil m², até 2022, para a cidade do Porto. Mas, seguindo as atuais tendências de ocupação, é expectável que muitos destes espaços sejam rapidamente absorvidos.
Os números são da consultora imobiliária Savills que no mais recente European Office Development revela uma forte competição pelos espaços de trabalho de qualidade na Europa. Até ao final do ano, na Europa, são esperados mais 5,2 milhões de m² em novos espaços de escritórios e antevê-se um aumento similar, de 5,1 milhões de m² , para 2022. Contudo, a Savills estima que 54% desses novos espaços de escritórios projetados para 2021 estejam já pré-arrendados, pelo que qualquer novo espaço de escritório prime será imediatamente absorvido, de acordo com as atuais tendências de ocupação.
Apesar de a percentagem de espaços pré-arrendados ser inferior a 2020 (entre 55% e 60%), Eri Mitsostergiou, diretora de European Research da Savills, refere que a procura por espaços de trabalho de qualidade é uma prioridade para os ocupantes, não encontrando correspondência numa oferta que se mantém aquém das tendências de ocupação.
Em cidades como Berlim, Estocolmo, Amesterdão, Paris e Munique, a taxa de disponibilidade de espaços de escritórios cai para níveis inferiores a 6%, naqueles que são considerados alguns dos mercados de arrendamento mais competitivos.
Quanto a Portugal, a disponibilidade de escritórios no mercado de Lisboa mantém-se na ordem dos 7%, atrás de Barcelona, que regista uma taxa de disponibilidade de 8,5%.
Espera-se também que um aumento da oferta secundária seja responsável por um aumento da taxa de disponibilidade de espaços de escritórios nos mercados europeus. Existe, porém, a possibilidade de este aumento de oferta não ser capaz de satisfazer as exigências atuais dos ocupantes, principalmente no que respeita aos indicadores ESG (Ambiente, Social e Governance) e de sustentabilidade digital.
A Savills prevê que a taxa média de disponibilidade na Europa atinja os 7,5%, com cidades como Varsóvia e Bucareste na liderança dos mercados com maior número de espaços disponíveis, ambas com taxas de disponibilidade da ordem dos 11%.
O regresso gradual aos escritórios trará também algumas remodelação dos espaços, com maior ênfase no bem-estar e segurança dos trabalhadores.
Ana Redondo, Associate Director da Savills Portugal, indica que «os escritórios não terão necessariamente de ver reduzida a sua área, mas a distribuição terá de ser diferente e continuarão a ter um papel fundamental no reforço dos valores e cultura da empresa.». E acrescenta que «a área que diz respeito aos postos de trabalho convencionais terá de ser convertida em espaços de maior estímulo à criatividade e à cooperação em grupo, onde os contatos informais potenciam a troca de experiências, de informação e conhecimento».