Apresentado esta quinta-feira no âmbito da Semana da Reabilitação Urbana do Porto, o novo estudo The Portuguese Senior Living Market sublinha o crescente apetite dos investidores por este tipo de ativos no nosso país e as perspetivas de forte crescimento deste setor enquanto classe de ativos de investimento nos próximos anos; explicando que a procura em forte crescimento e a escassez estrutural de oferta adequada estão na base deste interesse.
Em termos de investimento, só nos primeiros seis meses de 2021 foram canalizados 65,5 milhões de euros a este segmento, incluindo aquisições de produto já concluído e investimento em novos projetos. Este montante equivale a 36% de todo o investimento alocado ao segmento desde 2018 e sucede a um ano recorde em que foram transacionados pouco mais de 73 milhões de euros.
Pelas contas da JLL, nos últimos três anos e meio foram investidos um total de 185 milhões de euros neste tipo de ativos no nosso país, dos quais 63% foram direcionados para a aquisição de imóveis já em operação e outros 37% em projetos em desenvolvimento. O distrito de Lisboa recebe a esmagadora fatia, 67%, deste investimento, seguido pelo distrito de Faro, com outros 24%, e do distrito do Porto, com 9%.
«No âmbito dos segmentos alternativos, o subsegmento do Senior Living está com uma dinâmica muito forte e que tende a crescer bastante nos próximos anos», comenta Gonçalo Santos, Head of Capital Markets da JLL. «É um tipo de ativo que permite atualmente diversificar bastante o investimento, pois devido à escassez de stock adequado, as operações de promoção são uma parte importante da alocação de capital. O desenvolvimento de novos projetos, seja através de investimento em renovações ou em construção de raiz, recorre muito ao modelo de forward funding, o que comprova o elevado apetite dos investidores por estes ativos. Quer dizer que os investidores estão dispostos a assumir mais risco, entrando logo na fase de promoção. Em termos futuros, este investimento à cabeça vai ter também um impacto muito positivo no mercado, pois a linha de investimento institucional vai crescer bastante à medida que o stock de novo produto vá sendo concluído», acrescenta.
«Além da diversificação dos investimentos e do risco, bem como os retornos face a outros classes de ativos, a conjugação de uma procura com elevado potencial de crescimento e de uma oferta escassa é um dos grandes motivadores do interesse crescente neste tipo de imobiliário. A procura tenderá a crescer devido ao envelhecimento da população, entre outros fatores demográficos e sociais, mas existe uma escassez estrutural de oferta no nosso país, que apresenta uma oferta muito pulverizada e ainda abaixo das metas propostas pela Organização Mundial de Saúde», nota ainda Gonçalo Santos.
Pelas contas da JLL, atualmente o intervalo estimado do investimento comercial por cama em projetos concluídos oscila entre 100.000 a 110.000 euros, gerando yields «bastante atrativas, ao estarem associadas a contratos de arrendamento de longo prazo e ao situarem-se em patamares mais elevados do que as observadas noutras classes de ativos tradicionais». Segundo a consultora, no 3º trimestre de 2021 a prime yield para ativos de senior living em Portugal foi de 5,5%, refletindo já a contração de 25 pontos percentuais observada desde o início do ano.
Até 2025 deverão ser necessárias mais 17.000 camas no nosso país, só para que possa ser atingida a taxa de cobertura de 5% definida pela Organização Mundial de Saúde. Atualmente, a oferta deste tipo de equipamentos ascende a cerca de 100.000 camas para um total de 2.700 estabelecimentos, posicionando o rácio de cobertura de camas em 4,3%. O atual stock é dominado por equipamentos de pequena dimensão (71% tem menos de 50 camas) e muito granular, com o distrito de Lisboa a receber 18% das camas e o Porto outros 9%. Estes dois territórios acolhem as maiores fatias do stock atual, mas continuam a ter a maior escassez de respostas face à população sénior, com rácios de 3,2% e 2,4%, respetivamente. Apenas 10% das camas são geridas por operadores privados internacionais.
Considerando o stock atual de camas e o número de camas em pipeline (8.000) até 2025, existe um défice de 17.000 camas para serem desenvolvidas no mercado no curto prazo, só para que Portugal responda ao rácio apontado pela OMS, conclui esta análise.