A estimativa é feita pelo departamento de Research da CBRE. Cristina Arouca, diretora desta área da consultora, explica que «existem atualmente algumas transações de dimensão elevada em comercialização que nos levam a projetar um volume de investimento para o segundo semestre em torno dos 1.000 milhões de euros. Deste modo, no ano de 2020 poderão ser investidos no setor imobiliário de rendimento, aproximadamente 2.700 milhões de euros, posicionando 2020 como o terceiro ano de maior investimento já observado em Portugal».
Segundo a CBRE, a maioria dos ativos em negociação «são escritórios, mas prevêem-se também transações de projetos de habitação para arrendamento (built to rent), uma classe de ativos com elevada procura nos EUA e na Europa, mais ainda com uma reduzida expressão em Portugal», destaca Cristina Arouca.
1.700 milhões investidos até junho
A CBRE faz também um balanço do primeiro semestre deste ano atípico, devido à pandemia de Covid-19. Até junho, o investimento imobiliário atingiu os 1.700 milhões de euros, valor nunca alcançado no primeiro semestre dos anos anteriores.
Cerca de metade do volume investido foi aplicado em ativos de retalho, 27% a hotéis, e 22% a escritórios. A CBRE destaca três grandes negócios durante este período, nomeadamente a aquisição por parte da seguradora francesa Allianz e do fundo de pensões Finlandês Elo de 50% do Sierra Fund que integra os centros comerciais Colombo, CascaiShopping, NorteShopping e Vasco da Gama; a compra do portefólio de 10 hotéis Real Palácio pelo grupo Palm Invest e ainda um portefólio de 8 edifícios de escritórios pela Cerberus.
Francisco Horta e Costa, Diretor Geral da consultora, comenta que «neste ano marcado pela pandemia assistimos a um primeiro trimestre forte que assegurou um primeiro semestre recorde no mercado imobiliário». Salienta que «é evidente que esta força do arranque do ano se vai diluir, impactando um ano que se previa inicialmente muito forte para o setor».
Apesar das incertezas, «há muita liquidez para ser aplicada e Portugal continua a estar no radar dos investidores», assegura, «o que representa uma diferença substancial comparando com crises anteriores. Os investidores nacionais e internacionais estão ativos no mercado, há transações em curso e por isso acreditamos que a performance será, apesar de tudo, muito positiva, atingindo valores de investimento superiores aos verificados nas anteriores crises financeiras».