A JLL apresentou esta quinta-feira aos jornalistas o estudo anual Market 360º, num encontro em que foram ainda dados a conhecer os resultados de um inquérito realizado pela consultora junto dos seus clientes, com esta indústria a exibir um sentimento de «moderado otimismo» em relação a 2023.
Os resultados deste survey indicam que «retirando o efeito extraordinário do Portfólio Crown, os investidores esperam um 2023 alinhado com 2022 em termos de volume de investimento [3.400 milhões]», contou Maria Empis, Head of Work Dynamics da JLL. Caso estas previsões se confirmem, espera-nos mais um ano dinâmico, em linha com a média dos últimos sete, com um volume transacionado em torno dos 2.600 milhões de euros, sendo que «o número de transações em pipeline ao dia de hoje já soma 1.800 milhões de euros», adiantou a responsável.
Em todo o caso, embora «a maioria dos investidores considere que a conjuntura económica tenderá a melhorar significativamente a partir do segundo semestre do ano», e o interesse investidor continue em alta pelo nosso país, tudo indica que «2023 será um ano sobretudo de transações de média dimensão», por oposição ao que se verificou em 2022, com a concretização de várias operações envolvendo grandes portfólios.
Além disso, antecipa Maria Empis, «com a subida das taxas de juro e a revisão em alta das yields, o mercado tenderá a reorganizar-se e a voltar a uma certa "normalidade", sendo mais difícil para investidores value-add concretizar uma tipologia de negócios que tradicionalmente são liderados por investidores core, como aconteceu nos últimos anos; até porque com o aumento dos custos de financiamento as yields também terão de ser revistas em alta, "empurrando" os investidores mais oportunistas de volta para outro tipo de ativos».
Entretanto, e a crer nos resultados do survey da JLL, os escritórios destacam-se como a classe de ativos preferida pelos investidores (45%) em 2023, colhendo a maior fatia do capital alocado ao setor, seguindo-se a hotelaria (27%), os alternativos (13%), o industrial & logística (11%) e, por fim, o retalho (5%).
Fazendo o balanço de 2022 e lançando as pistas para 2023, no seu Market 360º a JLL antecipa mais um ano robusto para o mercado imobiliário português, que deverá manter níveis de atividade alinhados com a média dos últimos cinco anos, ao mesmo tempo que no nosso país continua a consolidar-se cada vez mais como destino imobiliário internacional.
«Encaramos 2023 com bons olhos, pois o imobiliário nacional já deu provas da sua capacidade de resistir a choques externos e adaptar-se rapidamente em contextos de incerteza. Foi assim com a crise financeira global, com a pandemia, com o clima de guerra na Europa e, mais recentemente, com os tumultos económicos que estamos a passar com a inflação e o aumento das taxas de juro», afirmou Pedro Lancastre, CEO da JLL.
Faturação atinge os 100 milhões de euros
A JLL somou mais de 100 milhões de euros de faturação em 2022, em Portugal, um crescimento de 7% face a 2021. Num ano de incertezas e desafios macroeconómicos, a JLL sustenta as suas expetativas na solidez sinalizada pelos «indicadores do mercado em contexto de incerteza, a consolidação de Portugal como destino imobiliário internacional e o desequilíbrio entre a procura forte e a oferta reduzida», lê-se em comunicado.
Face a 2022, a consultora prenuncia um «natural abrandamento na dinâmica da procura», tanto para a ocupação, como também para o investimento, «pela dupla circunstância de enfrentar um agravamento das condições económicas e comparar-se com níveis recorde de atividade», salienta.