O investimento em imobiliário comercial em Portugal atingiu 1,8 mil milhões de euros até ao final do terceiro trimestre deste ano, registando um aumento de 60% em comparação com o período homólogo, de acordo com o relatório Market Outlook Q3 2025, da Savills.
Depois de um ciclo marcado pelo reajuste de expectativas provocado pela subida das taxas de juro, o mercado começa agora a evidenciar sinais de estabilização, com uma retoma mais consistente da atividade. Só no terceiro trimestre, o volume de investimento ascendeu a 572 milhões de euros, valor que representa um crescimento de 50% face ao terceiro trimestre de 2024.
No balanço dos primeiros nove meses do ano, destaca-se ainda o aumento do volume médio por transação, que subiu 47%, refletindo uma maior concentração de capital em cada operação. Em termos acumulados, o montante investido supera em 35% a média dos últimos três anos.
Pedro Figueiras, Head of Capital Markets, comenta que “o ano de 2025 tem revelado uma performance sólida, marcada pelo crescimento consistente dos níveis de investimento em todos os setores, o que nos permite antecipar que poderá encerrar como o terceiro, ou mesmo o segundo melhor ano de sempre. À semelhança do dinamismo da economia nacional, o mercado imobiliário comercial português continua a captar a atenção de uma base cada vez mais diversificada de investidores globais, com diferentes perfis de capital. Paralelamente, é notório o aumento da liquidez e do apetite por parte dos investidores nacionais”.
Retalho e hotelaria lideram investimento
Nos primeiros nove meses do ano, o retalho e a hotelaria assumiram um papel central na dinâmica do investimento imobiliário, concentrando mais de metade do volume total investido, com crescimentos homólogos de 99% e 21%, respetivamente.
Dentro do segmento de retalho, os centros comerciais lideraram a captação de investimento, ultrapassando os 500 milhões de euros, num sinal de consolidação deste tipo de ativo junto de fundos institucionais e investidores de private equity.
O mercado de escritórios voltou também a atrair capital, beneficiando de uma combinação entre taxas de ocupação resilientes e escassez de produto de qualidade nas zonas mais centrais. Em paralelo, os ativos alternativos, com destaque para as residências de estudantes, reforçaram a sua atratividade, impulsionados pela procura contínua em polos académicos como Lisboa, Porto e Coimbra.
Até setembro, os fundos de investimento e sociedades de gestão de ativos imobiliários representaram mais de metade do volume transacionado. Os investidores institucionais mantiveram-se ativos, com maior foco nos segmentos de escritórios e retalho. As prime yields estabilizaram na maioria dos segmentos no terceiro trimestre, registando compressão em ativos como supermercados e PBSA, num contexto de elevada procura, oferta limitada e rendas estáveis.