Investimento imobiliário comercial aumentou quase 70%

Investimento imobiliário comercial aumentou quase 70%
Fotografia de Towfiqu barbhuiya, Freepik.

O investimento em imobiliário comercial em Portugal atingiu 1,2 mil milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, mais 69% do que no mesmo período de 2024, segundo o mais recente estudo Real Estate Market Overview da Savills.

Ao longo do primeiro semestre foram concluídas um total de 36 transações, em linha com o número de negócios fechados no mesmo período de 2024. A consultora estima que o mercado encerre o ano de 2025 com volumes de investimento superiores aos verificados em 2024.

Neste período, o setor do retalho foi o segmento líder em volume de investimento durante o primeiro semestre de 2025, totalizando 616 milhões de euros. O ressurgimento do interesse dos investidores neste setor está assente, em grande parte, na recuperação do footfall e dos volumes vendas nos centros comerciais, juntamente com a procura sustentada dos consumidores, impulsionada por fluxos turísticos que continuam a bater recordes.

A Savills destaca também o setor da hospitality, com um volume total de investimento de 330 milhões de euros no primeiro semestre, o que representa um aumento de 16% face ao ano anterior. O setor continua a ser um dos principais impulsionadores do mercado de investimento comercial português e espera-se que mantenha a sua dinâmica. Com um forte pipeline de projetos, particularmente em Lisboa e no Porto, o foco dos investidores mantém-se no reposicionamento e remodelação dos ativos existentes, refletindo uma mudança estratégica para a criação de valor.

No final dos primeiros seis meses do ano, o mercado de escritórios registou um volume de investimento de 134 milhões de euros, refletindo um aumento de 11% face ao mesmo período de 2024. Este montante representa 11% da quota de mercado do volume total de investimento no primeiro semestre, evidenciando um crescimento moderado, ainda que condicionado pela disponibilidade limitada de ativos core.

O setor dos escritórios continua a enfrentar um desequilíbrio patente entre as expectativas de compradores e vendedores, o que tem impactado o ritmo das transações e reforçado a seletividade dos investidores. Apesar destes constrangimentos, a procura continua e a presença consolidada de tecido empresarial internacional evidenciam a resiliência e solidez subjacente do mercado de escritórios.

A logística, com 111 milhões de euros, conquistou 9% de quota de mercado até ao final do primeiro semestre, com os volumes de transações a permanecerem relativamente contidos em comparação com a dinâmica do mercado ocupacional. Foram fechados sete negócios durante o período, quatro dos quais envolveram a aquisição de plataformas logísticas por capital internacional, com um valor médio de 21,7 milhões de euros.

No que diz respeito à origem do capital investido, o primeiro trimestre foi marcado por uma predominância de capital proveniente de fundos de investimento e investidores institucionais nacionais. Já no segundo trimestre, o investimento cross-border voltou a assumir a liderança, representando cerca de 85% da quota de mercado, com destaque para os montantes provenientes de França, Espanha e Reino Unido.

Nos primeiros seis meses do ano, os fundos e empresas de investimento imobiliário e de gestão de ativos mantiveram-se entre as categorias de investidores mais ativas no mercado, direcionando o seu capital para propriedades de hotelaria, edifícios de escritórios, centros comerciais e ativos logísticos, indicando uma decisão estratégica de investimento em setores com força operacional e procura crescente.

Pedro Figueiras, Head of Capital Markets da Savills Portugal, comenta que "o primeiro semestre de 2025 revelou-se bastante positivo para o mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal, registando um crescimento significativo face ao mesmo período do ano anterior. Os setores de retalho e hotelaria mantêm-se particularmente dinâmicos, refletindo um elevado potencial de expansão sustentado pelos sólidos fundamentos de mercado que caracterizam o mercado português. Apesar de o contexto global continuar a impor uma abordagem mais prudente e a prolongar os processos de decisão, perspetiva-se que a trajetória de crescimento do investimento se mantenha ao longo do ano”.