O volume de investimento imobiliário no sul da Europa, no que concerne a Portugal, Espanha e Itália, atingiu um valor recorde de 31,7 mil milhões de euros em 2022. Esta marca representa um aumento de 36% face ao ano anterior.
De acordo com um estudo da Savills, foram vários os fatores que contribuíram para o sucesso da região, que beneficiou particularmente do regresso do consumo doméstico após a Covid-19 e mais protegida face à subida de preços da energia em comparação com o resto da Europa.
O Sul da Europa sentiu os efeitos da pandemia de uma forma mais agressiva, com as economias destes países a sofreram consequências como proibições de viagens. Assim sendo, as fortes épocas turísticas pós-Covid e o regresso dos gastos afetos a retalho conduziram a volumes de investimento mais elevados em 2022. O crescimento foi impulsionado pelo setor dos serviços, sendo a hotelaria e o lazer, mais uma vez, uma importante fonte de rendimento, salienta a consultora.
Georgia Ferris, European Research Analyst na Savills, refere que «o Sul da Europa registou a maior quota do volume total de investimento europeu no ano passado com 11%, acima dos 6% verificados em 2021 e acima da média dos últimos cinco anos de 7%. Em termos comparativos por cidade, pela primeira vez desde 2011, Milão recebeu um volume de investimento superior ao de Madrid».
Já Carlos Ruiz-Garma, Director, European Capital Markets na Savills, aponta que «embora não esperemos outro ano recorde para a região em 2023, alguns fundamentos do mercado permanecerão sólidos e continuarão a atrair investidores. Este é nomeadamente o caso das beds and sheds. Em toda a Europa do Sul, o desequilíbrio estrutural da oferta e da procura de propriedades multifamiliares e logísticas, favorece o crescimento do arrendamento ou, pelo menos, a estabilização sendo que a procura dos ocupantes continuará a apoiar o mercado de investimento».
Portugal registou, em 2022, um volume de investimento imobiliário de 3,3 mil milhões de euros. Alexandra Portugal Gomes, Head of Research & Communications, enfatiza que «após dois anos de pandemia, 2022 foi a confirmação da recuperação com uma nota muito positiva do mercado nacional de investimento imobiliário. No final de 2022, o volume de investimentos imobiliários comerciais atingiu 3,3 mil milhões de euros. Em contraste com um cenário de forte incerteza económica e política europeia, o mercado interno continuou a revelar-se um porto seguro e resiliente para os investidores».