No primeiro trimestre do ano, o investimento imobiliário totalizou 230 milhões de euros, valor que representa um decréscimo de 39% face ao período homólogo do ano anterior. Segundos os dados da CBRE, esta quebra no valor deve-se a maior precaução por parte do mercado, dado o atual contexto de inflação, subida de taxas de juro e instabilidade económica e geopolítica.
De acordo com a consultora, que participou em operações que representaram mais de 80% do volume total de investimento no primeiro trimestre, há uma atitude mais cautelosa por parte dos investidores que esperam uma estabilização e até possível ajuste dos preços.
O montante registado no primeiro trimestre ficou a 14% do volume de investimento do período homólogo de 2019, algo que demonstra que o imobiliário comercial em Portugal «continua a ser um mercado muito atrativo para investidores nacionais e internacionais», assinala a consultora.
Do montante total investido nos primeiros três meses do ano, 67% foi canalizado para ativos de retalho (153 milhões de euros), 14% para o setor logístico (33 milhões de euros), 16% para ativos de escritórios (38 milhões de euros) e 3% para o setor de healthcare (6 milhões de euros).
83% da origem do investimento em imobiliário comercial foi estrangeiro
A CBRE indica que cerca de 56% das transações foram realizadas na zona de Lisboa e 83% da origem do investimento em imobiliário comercial foi estrangeiro, com especial destaque para os Estados Unidos da América. «Apesar do volume de investimento no primeiro trimestre apresentar uma redução quando comparado com o ano anterior, o mercado imobiliário português tem fundamentos que permanecem fortes e que fazem com que sejamos um país com capacidade de continuar a atrair investimento estrangeiro. Na generalidade, os setores mostram-se dinâmicos e em concreto na logística sabemos que existe uma procura latente por produto, apenas bloqueada pela falta de stock», constata Nuno Nunes, Head of Capital Markets da CBRE Portugal..
O responsável indica ainda que o setor hoteleiro «também está a beneficiar de uma dinâmica ocupacional muito forte que está a motivar muitos investidores a avançarem com operações de aquisição. Continuamos a sentir um interesse sólido nas operações que temos em curso. No entanto, é notório que em alguns casos existe um desfasamento entre a expectativa do vendedor e os preços que os compradores estão dispostos a pagar. Embora exista alguma incerteza, mantemo-nos otimistas e acreditamos que este ajuste aconteça com naturalidade e que se continuem a fazer transações interessantes para ambas as partes».
A CBRE destaca a venda do portefólio Amália, que diz respeito a uma carteira de 44 supermercados, como a transação que marcou o trimestre. A consultora destaca também que há alguns projetos que chegarão ao mercado em 2024 o que originará um próximo ano potencialmente muito positivo para o setor logístico, semelhante ao que ocorreu em 2022.