Investimento em imobiliário comercial cresce 17% no 1º semestre

Ativos de retalho concentram 38% do volume total investido.

A atividade de investimento em imobiliário comercial registou um volume de negócios de 749 milhões de euros no primeiro semestre do ano, um crescimento de 17% face ao período homólogo. É uma das conclusões da 41ª edição do Marketbeat Portugal, uma publicação semestral desenvolvida pela Cushman & Wakefield.

Ativos de retalho concentram 38% do volume total investido

Com cerca de 40 operações, o valor médio por transação situou-se nos 20 milhões de euros. Os ativos de retalho retomaram a liderança, concentrando 38% do volume total investido, a que se seguiu de perto a hotelaria, ao agregar 36% do volume transacionado.

Segundo Eric van Leuven, Diretor Geral da C&W em Portugal, «apesar da atividade de investimento imobiliário comercial ter registado uma trajetória ascendente na primeira metade de 2023, antecipa-se um abrandamento da mesma até ao final do ano face ao enquadramento mais adverso da economia. A atividade dos mercados ocupacionais foi caracterizada por um comportamento díspar, variando entre uma quebra acentuada no mercado de escritórios da Grande Lisboa e um aumento relevante no segmento de Indústria e Logística»

Por influência dos critérios mais exigentes da procura, mantém-se o elevado interesse na inclusão de conceitos de sustentabilidade corporativa, bem como dos critérios de ESG, nos processos de tomada de decisão do mercado imobiliário nacional.

Escritórios

Na Grande Lisboa, o mercado de escritórios registou uma quebra homóloga acentuada entre janeiro e agosto de 2023, tendo sido transacionados 62.500 m², o segundo valor mais baixo da última década. Já o setor de escritórios no Grande Porto registou um aumento durante os primeiros 8 meses do ano, tendo sido transacionados 39.300 m².

De acordo com a consultora, o mercado de escritórios irá verificar uma estabilização dos valores de arrendamento em todas as zonas, após período consistente de crescimento. Mantém-se a tendência de ligeiro aumento da taxa de desocupação, fruto do início de construção e conclusão de alguns imóveis com dimensão e uma menor procura.

Retalho

O volume de vendas a retalho na primeira metade do ano registou um crescimento homólogo de 2,1%. Antecipam-se mudanças ao nível do conceito das lojas, que se espera passar a privilegiar a colaboração com espaços de restauração, lazer, cultura e novas tecnologias.

Industrial & Logística

A atividade ocupacional de industrial & logística retomou a tendência de crescimento, tendo sido transacionados 307.800 m², um aumento homólogo de 54%. Para este ano, a C&W prevê uma maior absorção dos espaços logísticos por parte do comércio online, o que, por sua vez, resultará em escassez de oferta e aumento dos valores de arrendamento destes ativos.

Residencial

No mercado residencial, espera-se um cada vez maior desequilíbrio que irá continuar a alimentar a subida dos preços, uma consequência da falta de medidas que promovam a construção nova para o segmento médio, aponta a consultora. Em paralelo, a subida das taxas de juro e a dificuldade das famílias se financiarem contribuirão para a contínua aposta dos promotores nos segmentos altos.

O mercado de arrendamento residencial vai continuar a contrair e, no que diz respeito às residências de estudantes e aos projetos de co-living, o preço médio por cama vai continuar a subir, uma consequência gerada pela procura muito superior à oferta, ainda que existam algumas aberturas previstas nos próximos anos.

O setor de promoção e reabilitação urbana registou uma quebra de 13% da atividade na primeira metade do ano, quando comparando com o período homólogo. Segundo a Cushman & Wakefield, a crescente procura e escassa oferta de habitação, especialmente no segmento médio, continuará a motivar promotores e investidores a procurar soluções inovadoras para desenvolver mais casas para a classe média.