De janeiro a junho, o investimento imobiliário comercial em Portugal registou 640 milhões, dos quais 68% foram concretizados no 2º trimestre, em termos concretos, 436 milhões de euros. O volume semestral fica assim 15% abaixo do período homólogo.
As contas são da JLL, que partilha os valores no seu mais recente Market Pulse. As transações de hotéis e de industrial e logística impulsionaram o investimento imobiliário comercial, sendo que, em conjunto, ambos os segmentos garantiram 66% do montante transacionado no semestre, o qual ascendeu a 640 milhões de euros, o correspondente a 84% do investimento no trimestre em questão (436 milhões de euros).
Para Pedro Lancastre, CEO da JLL Portugal, o foco dos investidores nestes dois segmentos deve-se à «forte recuperação dos indicadores hoteleiros e a intensificação da absorção e das rendas de industrial & logística».
O mais recente Market Pulse destaca ainda o desempenho dos mercados ocupacionais, liderados pelos escritórios, onde a ocupação em Lisboa até junho já supera a atividade de todo o ano passado, atingindo 168.000 metros quadrados. No Porto soma mais de 30.000 metros quadrados. De destacar ainda que, o 2º trimestre, gerou mais de 60% do take-up anual em Lisboa e 80% no Porto.
Os indicadores de desempenho da hotelaria, aproximam-se gradualmente dos valores pré-covid: a diária média em Lisboa está, no 2º trimestre de 2022, em 139€, superando em 15€ o valor de 2019. No Porto esse indicador é de 115€, muito próximo dos 120€ registados em 2019.
Em industrial & logística a ocupação assinalou 160.000 metros quadrados até junho, com um bom desempenho no que à trajetória de crescimento das rendas diz respeito. A única compressão de yield verificada foi a de Industrial & Logistica que se situa nos 4,75%.
O comércio de rua, com novas aberturas em Lisboa e Porto, tem registado bons níveis de procura. Há aumento de fluxo de visitantes nos centros comerciais, e os retalhistas continuam a retomar os seus planos de expansão, querendo marcar presença em localizações prime, todavia há escassez de oferta: «um dos principais desafios do mercado imobiliário português continua a ser as limitações do lado da oferta, transversais a todos os segmentos. Acontece que há um forte aumento nos custos de construção e é natural que os novos produtos planeados sofram ajustamentos, afetando ainda mais o fluxo de oferta disponível», sublinha Pedro Lancastre.
Em termos de habitação, é patente o forte nível de atividade das vendas e níveis robustos de preços, com uma crescente dinâmica dos compradores nacionais. Os investidores internacionais geram ainda uma procura sólida, liderada pelos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Em termos de origem, 73% da alocação de capital foi de investidores estrangeiros, que continuam a ser protagonistas dos negócios de maior dimensão. O CEO da JLL Portugal reforça assim que «continua a haver um forte apetite pelo mercado imobiliário, seja enquanto utilizador, comprador, ocupante ou investidor, quer nacionais quer estrangeiros».
Para o resto do ano, Pedro Lancastre afirma que «as perspetivas mantém-se positivas com o foco nos segmentos que têm tido maior procura em termos de volume. Acreditamos que 2022 vai superar o montante transacionado o ano passado. Existem atualmente muitos portfólios já em processo de venda e outros em fase de negociação».
Acrescenta ainda que «o nosso país tem uma boa posição geográfica, segurança e boa qualidade de vida, bons fundamentais de mercado, incluindo as yields. Inicialmente tínhamos previsto uma nova compressão das yields, mas neste cenário de aumento da inflação e taxas de juro, deverão manter-se estáveis e Portugal continua a ter um diferencial muito apelativo face a outros mercados. Temos, em geral, retornos mais atrativos, num mercado percebido de baixo risco».