Investimento imobiliário atinge €1.100M no 3º trimestre

Investimento imobiliário atinge €1.100M no 3º trimestre

No terceiro trimestre de 2022, o investimento no setor imobiliário comercial atingiu os 1.100 milhões de euros. No acumulado até setembro é superior a 1.900 milhões de euros em território português, informou a Savills esta segunda-feira.

O mercado industrial e logístico partilha o topo da tabela com o segmento de escritórios no trimestre em análise, com ambos os segmentos a contabilizarem mais de 1.000 milhões de euros investidos até ao final de setembro.

Portugal está entre os mercados mais apetecíveis para investir em logística, juntamente com países como a França, Alemanha, Espanha e Itália, indica a consultora: é «cada vez mais, como destino para os operadores logísticos transfronteiriços para servir os mercados ibérico e europeu. Além disso, a tendência de nearshoring e o potencial do mercado português de atração de investimento para a industrialização contribuem para uma maior aposta neste segmento por parte de operadores e investidores».

No segmento de escritórios, no volume acumulado até ao final de setembro, este segmento representava 546 milhões de euros, com a zona Prime CBD a absorver 33% do volume de investimento.

A Savills aponta para os segmentos alternativos que «viram o seu peso aumentar nos últimos anos, com um aumento do interesse pelos ativos residenciais, de Senior Living e de Student Housing». Com a venda do Portfólio Smart Studios, por um total de 200 milhões de euros, a Round Hill Capital é o melhor exemplo do interesse crescente neste segmento, que regista níveis de procura muito elevados e uma oferta muito escassa, abaixo da média europeia.

De acordo com os dados da consultora, Espanha, EUA e Reino Unido foram as nacionalidades que contribuíram com a maior parte do investimento, com um peso total de 54%. Os investidores nacionais acrescentaram um volume total de investimento de cerca de 234 milhões de euros.

Alberto Henriques, Capital Markets Director, Savills Portugal afirma que «devido a uma substancial alteração no clima macroeconómico, em particular no aumento das taxas de juro, antecipamos um abrandamento no número de transações até que as expectativas entre vendedores e compradores estejam novamente equilibradas. Ainda assim, Portugal goza de uma posição muito privilegiada para investimento, pois continua a ser um destino de atração de talento, com potencial de crescimento de rendas e forte pressão ocupante em diversos segmentos, uma posição que deverá suavizar o previsível abrandamento do mercado».

Lisboa e Porto

Verificou-se, no terceiro trimestre de 2022, a maior absorção registada no mercado de escritórios: na capital verificou-se uma absorção total de 79.569 metros quadrados, um «ano histórico para o segmento», avança a consultora. O Parque das Nações (zona 5) registou o maior volume de absorção no ano até à data, com aproximadamente 69.000 m², seguido de perto pelas Novas Zonas de Escritórios (Zona 3) com aproximadamente 51.000 m².

O mercado de escritórios do Porto «conta com um desempenho muito positivo ao longo do ano, já acima dos volumes de absorção observados para os mesmos períodos de 2019, 2020 e 2021». O volume total de absorção foi de 45.230 m² até setembro, um valor 34% superior face ao mesmo período de 2021, sendo que o mercado do Porto «está a afirmar-se cada vez mais, como um destino muito atrativo para as empresas internacionais», salienta a Savills.

Frederico Leitão de Sousa, Head of Corporate Solutions, Savills Portugal, enfatiza que «Portugal afirma-se como um mercado cada vez mais atraente. 2022 é já um ano histórico para o segmento de escritórios, sendo o terceiro trimestre deste ano o mais forte jamais registado. Em Lisboa, a absorção deste mercado está já 6,5% acima do valor recorde verificado em 2008 e no Porto, a performance tem sido também bastante positiva, uma trajetória que está prevista até ao final do ano».

Indústria e Logística – Lisboa e Porto

No final do terceiro trimestre de 2022, o mercado industrial e logístico da Grande Lisboa registou um volume total de absorção de aproximadamente 85.000 metros quadrados, 132% acima do mesmo período em 2021. O volume de absorção acumulado do ano 2022, até ao mês de setembro, já soma perto de 180.000 m², um resultado superior a 11% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O setor da Distribuição & Logística permanece altamente dominante, tendo sido responsável por 65% dos negócios fechados no período entre janeiro e setembro de 2022, seguido pelo segmento da Indústria & Transformação com 22%, revela a consultora.

O mercado do industrial & logístico do Porto, no trimestre em análise, registou um volume total de absorção de aproximadamente 48.000 m². O volume total de absorção acrescentou 50.126 m² até setembro, valor 37% inferior em relação ao mesmo período de 2021. Na restante região Norte, até ao final do terceiro trimestre de 2022, foi registado um volume total de absorção de 20.200 m².

Retalho

Em 2022, o mercado retalhista português de comércio eletrónico gerou uma receita total de cerca de 5,5 mil milhões de euros, o ano mais forte até agora, avança a consultora. No terceiro trimestre de 2022, de destacar o retalho de lojas de rua que «teve o melhor desempenho em comparação com o período homólogo dos últimos 4 anos, com um total de 79 novas lojas de retalho a abrirem as suas portas na cidade de Lisboa», lê-se em comunicado.

Residencial

No 3º trimestre de 2022 foram vendidos perto de 39.500 fogos em Portugal, demonstrando uma descida de 5% comparativamente ao 2º trimestre de 2022 e uma descida de 4% face ao período homologo de 2021, sublinha a Savills.

Na Área Metropolitana de Lisboa foram vendidos perto de 13.000 fogos durante o 3º trimestre de 2022, numa descida de 4% face ao 2º trimestre de 2022 e uma queda ligeira de 2% face ao período homologo de 2021, posicionando o mercado ao ritmo que tinha sido observado no ano 2019, mas em desaceleração face à performance que tinha sido observado no ano 2021 e início de 2022.

«O apetite contínuo pela habitação em grandes áreas urbanas estende-se agora também a áreas periféricas que ofereçam habitações de maior dimensão a preços mais competitivos. Portugal continuará a ser visto como um porto seguro para os investidores internacionais, gozando de fortes fundamentos de mercado estreitamente ligados à qualidade de vida que oferece», lê-se em comunicado.

Miguel Lacerda, Lisbon Residential Director, Savills Portugal, salienta que «perante a incerteza económica global e o decréscimo do poder de compra, aliado às maiores dificuldades para obtenção de crédito à habitação, as quebras observadas no segmento residencial eram expectáveis. No entanto, após a análise dos números, o mercado está ainda acima dos resultados registados nos últimos 5 anos, o que transmite também a solidez e atratividade deste setor em Portugal, com a cidade de Lisboa a figurar nos rankings mundiais das melhores cidades para se viver».