No terceiro trimestre deste ano, o mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal somou os 371,6 milhões de euros, mais 42% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Nas contas da Savills, este volume de investimento representa uma descida de -5% face ao trimestre anterior, mas, no acumulado deste ano, o investimento já ultrapassou a marca dos 1.000 milhões de euros, em linha com 2023.
Paulo Silva, Head of Country da Savills, comenta em comunicado de imprensa que «o mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal demonstra claros sinais de dinamismo, com o terceiro trimestre a revelar sinais de recuperação da confiança dos investidores. Apesar dos desafios ainda latentes como um quadro macroeconómico que ainda sugere cautela e tensões geopolíticas, acreditamos que a reta final de ano marcará um novo impulso e os volumes de investimento deverão recuperar a níveis anteriores a 2023».
Hospitality e Retalho destacam-se
Os segmentos Hospitality e Retalho são os que mais se destacam neste período. O primeiro, já atraiu 275 milhões de euros, atraindo a atenção dos investidores com o bom desempenho dos principais indicadores do turismo e também com a qualidade superior dos ativos, especialmente em imóveis situados nas regiões do Algarve, Lisboa, Cascais ou Porto.
Pedro Simões, Capital Markets Senior Consultant da Savills, afirma que «em 2024, o mercado de Hospitality em Portugal consolidou-se como um dos setores mais atrativos para investimento, captando capital nacional e internacional. Com um desempenho robusto e oportunidades variadas, o país destaca-se como destino europeu de referência, atraindo operadores globais interessados em expandir suas marcas. Esse cenário coloca o setor numa trajetória de crescimento sustentável e sucesso a longo prazo».
Por outro lado, no retalho, os centros comerciais e retail parks estão a destacar-se, principalmente os ativos de grande dimensão e bem localizados, bem como os ativos de menor dimensão em localizações secundárias, que oferecem um potencial de valorização de mercado.
O montante de investimento captado por este segmento foi particularmente influenciado pela venda do Alegro Montijo, vendido por 178 milhões de euros, mais de metade do volume total registado até ao 3º trimestre deste ano.
Escritórios com menor dinamismo, logística aguarda entrada no mercado de novo produto
Por outro lado, o mercado de escritórios apresenta agora menor dinamismo no mercado transacional, em comparação com os seus volumes históricos. Nos primeiros 9 meses do ano, registou um volume de investimento total de 184 milhões de euros, mas já superou o volume total de investimento registado no ano passado. Foram transacionados ativos de referência no mercado de escritórios de Lisboa, em zonas consolidadas, o que, segundo a Savills, «reflete o interesse dos investidores de perfil core em edifícios Grade A, aos quais se juntam investidores value-add que procuram ativamente novas oportunidades».
Na logística, foram investidos 66 milhões de euros até ao final do 3º trimestre deste ano. Excluindo o ano de 2022, que teve um volume de investimento excecional devido à venda de um conjunto de portfólios, o volume de 2024 está em linha com a média dos anos entre 2019 e 2023.
O mercado português mantém o desajuste entre a forte performance do mercado ocupacional e a atividade do mercado transacional logístico. Este dinamismo ainda não se traduziu em volumes de investimento significativos, embora o setor esteja bastante dinâmico na promoção de novos projetos. «O setor aguarda a entrada de novos produtos que estejam alinhados com as exigências de modernidade, localização estratégica e eficiência que atraem capital para transações de maior escala».
Residências de estudantes destacam-se
Já no segmento Living (residencial), o investimento em PBSA (Purpose-Built Student Accommodation) continua a destacar-se como um dos segmentos mais proeminentes, totalizando até à data cerca de 144 milhões de euros investidos, correspondentes à venda de residências de estudantes localizadas em Lisboa, Covilhã e Braga. Segundo a consultora, os investidores interessam-se pela aquisição de ativos já operacionais ou por operações forward purchase.