A atividade de investimento em imobiliário comercial permaneceu reduzida no primeiro semestre de 2024, com um volume transacionado de 690 milhões de euros, refletindo uma ligeira quebra homóloga de 6%. No entanto, ao longo do terceiro trimestre, verificou-se uma tendência de recuperação, com volumes acumulados até setembro a atingirem 1.050 milhões de euros, o que representa um aumento de 3% face ao mesmo período de 2023.
Os dados são da Cushman & Wakefield, na publicação da 43ª edição do Marketbeat Portugal, uma análise semestral que resume a atividade do mercado imobiliário nacional em 2024, bem como destaca as suas principais tendências e perspetivas.
“O volume total de 2024 poderá atingir mais de 2 mil milhões de euros, refletindo um crescimento homólogo de 23%”
«As estimativas atuais refletem a expectativa de uma retoma mais expressiva do investimento em imobiliário comercial ao longo do último trimestre de 2024, com um volume na ordem dos 680 milhões de euros em diferentes transações, atualmente em diversas fases de negociação, com conclusão prevista até ao final do ano. Desta forma, o volume total de 2024 poderá atingir mais de 2 mil milhões de euros, refletindo um crescimento homólogo de 23%», refere Eric van Leuven, Diretor Geral da Cushman & Wakefield em Portugal.
A alocação de capital por setor em 2024 consolidou a recuperação do setor de retalho e reforçou o crescente interesse em hotelaria, que respetivamente agregaram 46% e 23% do volume total investido. Invertendo a tendência do ano anterior, o mercado de 2024 registou um aumento no número de transações de grande dimensão.
Os quatro maiores negócios representaram um terço do volume total investido, com o valor médio por transação a subir para os 26 milhões de euros, num total de mais de 50 operações até à data. Adicionalmente, a atividade do capital estrangeiro voltou a destacarse, representando neste momento 83% do volume total investido, a maior quota de mercado dos últimos cinco anos.
A alocação de capital por setor em 2024 consolidou a recuperação do setor de retalho e reforçou o crescente interesse em hotelaria, que respetivamente agregaram 46% e 23% do volume total investido. Seguiu-se o setor de escritórios, que representou 16% do total investido, com um volume de 220 milhões de euros.
Os chamados ativos alternativos agregaram 10% do total investido, com um aumento da atividade no segmento de residências para estudantes. Já o mercado de industrial e logística manteve uma representatividade reduzida (refletindo a falta de oferta), agregando apenas 5% do valor total investido, num volume de 70 milhões de euros.
Tendências e perspetivas
As estimativas atuais refletem a expectativa de uma recuperação gradual da atividade transacional na segunda metade do ano e sobretudo em 2025, á medida que se estabiliza o diferencial entre rendimento do imobiliário e dos chamados ativos sem risco por via de posteriores reduções das taxas de juro, e se aproximam as expectativas de preços de vendedores e compradores.
Os Capital values poderão aumentar nas classes de ativos mais resilientes, com as yields de referência a atingir maioritariamente estabilidade homóloga no final de 2024. Entre as categorias mais procuradas, poderá mesmo ocorrer uma redução das taxas de rentabilidade, e consequente aumento de valor (também suportado por aumentos pontuais das rendas prime para os melhores ativos).
Espera-se ainda uma retoma progressiva do protagonismo dos grandes investidores internacionais, existindo ainda espaço para fundos abertos, fundos de pensões e familiy offices domésticos (transações de menor volume, sem recurso a dívida). O acesso à dívida bancária e refinanciamento apresenta algum alívio, com taxas de financiamento mais moderadas, proprietários razoavelmente capitalizados e uma boa gestão das carteiras de risco por parte dos bancos.