O mercado imobiliário comercial em Portugal somou 1,22 mil milhões de euros em investimento nos primeiros seis meses deste ano, de acordo com o mais recente “Market Dynamics” da JLL. O retalho liderou as preferências dos investidores, captando quase metade do capital aplicado (49%). Seguiram-se a hotelaria, com 27% do total, os escritórios (11%), o industrial e logístico (9%) e, por fim, os segmentos de living e ativos alternativos, que juntos representaram 4%.
De acordo com a consultora, este é o melhor 1º semestre desde 2020, ano em que a atividade atingiu €1,67 mil milhões nesse mesmo período, impulsionado então por um nível excecional de transações nos meses que antecederam o surgimento da pandemia. O montante investido nos primeiros seis meses fez a atividade disparar 82% face aos 668 milhões de euros alocados ao setor no mesmo período de 2024, quando o mercado transacionou a um ritmo relativamente baixo num contexto de elevadas taxas de juro e de instabilidade geopolítica internacional.
O mercado imobiliário manteve-se dinâmico no primeiro semestre de 2025, com a atividade 28% acima da média dos últimos cinco anos. O período foi impulsionado pela continuidade das transações de centros comerciais, pela forte participação de capital institucional português e pela entrada de novos investidores estrangeiros, além dos já presentes no mercado.
“É de assinalar o contributo dos centros comerciais para esta dinâmica”
“Desde 2020 que não tínhamos um 1º semestre com este volume de investimento, comprovando que Portugal é um destino sólido para o capital internacional, ao mesmo tempo que os investidores nacionais estão mais competitivos e dinâmicos” afirma Andreia Almeida, Head of Research da JLL Portugal.
“É de assinalar o contributo dos centros comerciais para esta dinâmica. Este foi um produto âncora do nosso mercado durante anos, mas que tinha perdido alguma tração já nesta década. Foi uma questão global, com muitos investidores a afastarem-se desta tipologia de ativo pelo risco percecionado devido à massificação do comércio online e da então declarada morte da loja física. A realidade demonstrou que não é assim, com a reinvenção do espaço físico de compra, e Portugal volta a destacar-se a nível internacional neste segmento, onde sempre fomos líderes e muito inovadores”, acrescenta.
Quanto ao desempenho esperado para o investimento imobiliário na segunda metade de 2025, Andreia Almeida salienta que “Portugal mantém boas perspetivas macroeconómicas, com uma previsão de crescimento do PIB acima da média europeia, num contexto de continuação da compressão das taxas de juro. Isto associado a indicadores muito fortes do mercado imobiliário nacional, incluindo taxas de disponibilidade reduzidas e um crescimento das rendas nos diversos formatos de ativos. Além disso, observa-se um movimento de valorização dos ativos nos diferentes segmentos por via de melhorias operacionais e funcionais e pela adoção dos princípios de ESG”.
De acordo com o relatório, as perspetivas quanto ao desempenho ocupacional do mercado são igualmente positivas, depois de um semestre em que a habitação consolidou o percurso de crescimento das vendas e manteve a tendência de subida de preços; em que a hotelaria cresce em todos os indicadores e em que o retalho exibe uma elevada dinâmica, com mais consumo, mais vendas e novas aberturas.
Quanto aos escritórios de Lisboa e Porto, bem como no imobiliário de industrial e logística, a atividade manteve-se abaixo dos níveis homólogos neste 1º semestre de 2025, mas a tendência é de progressiva recuperação.
Andreia Almeida destaca que “a habitação continua a ser marcada pelo fosso entre uma elevada procura e uma falta estrutural de oferta, o que mantém a tendência de subida de preços apesar dos níveis altos atingidos. Contudo, há um reforço crescente do investimento em nova promoção, com registo de pedidos de licenciamento para 35 mil novas casas só neste semestre, o que é um passo muito importante para começar a abrandar o aumento dos valores de mercado”.
Relativamente aos setores não residenciais, a responsável infere que “a capacidade de retoma da ocupação de escritórios em Lisboa e Porto, com expetativas de crescimento na segunda metade do ano, bem como do reforço da oferta moderna e de qualidade no imobiliário industrial e logístico, com impacto direto no aumento da absorção. O retalho e a hotelaria têm perspetivas animadoras, registando crescimentos mais lentos, mas consistentes com os níveis de consolidação atingidos”.